Matérias-primas "críticas" circulam da Rússia para a Europa apesar das sanções da UE
O consórcio Investigate Europe revela que a dependência europeia das matérias-primas da Rússia aumentou desde o início da guerra. A Airbus é uma das empresas que continua a comprar titânio, níquel e alumínio a empresas próximas do Kremlin.
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Ao contrário do que seria expectável, a dependência da União Europeia (UE) em relação à Rússia aumentou desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro do ano passado. É a conclusão de um estudo que o consórcio Investigate Europe revelou nesta terça-feira.
A União Europeia adotou, desde o início da guerra da Ucrânia, 11 pacotes de sanções à Rússia, visando matérias-primas como o petróleo, o carvão, o aço e a madeira. No entanto, os minerais que a UE considera como matérias-primas "críticas" - 34 no total - continuam a fluir livremente da Rússia para a Europa em grandes quantidades, fornecendo fundos cruciais para empresas estatais e empresas detidas por oligarcas.
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O Investigate Europe descobriu que a Airbus e outras empresas europeias continuam a comprar titânio, níquel, alumínio e outras matérias-primas a empresas próximas do Kremlin, mais de um ano após o início da invasão.
Há meses que o consórcio de jornalistas investiga estas questões e, na quinta-feira, é lançada a investigação aprofundada: "Mine Games: A caça da Europa às matérias-primas essenciais."
Entre março de 2022 e julho deste ano, a Europa importou 13,7 mil milhões de euros de matérias-primas essenciais da Rússia. Mais de 3,7 mil milhões de euros chegaram entre janeiro e julho de 2023, incluindo 1,2 mil milhões de euros de níquel.
As atuais aquisições da Europa refletem a dependência excessiva do bloco dos 27 relativamente a grande parte das necessidades críticas que tem de matérias-primas e componentes essenciais para os carros elétricos e para a energia eólica e solar, bem como para as indústrias da defesa e aeroespacial.
A ONG anticorrupção Transparency International disse ao Investigate Europe que foi um "erro muito grave" aumentar a dependência europeia em relação à Rússia.
Esta investigação realizada pelo Investigate Europe põe em evidência as questões profundas que a UE enfrenta. A necessidade de metais e minerais está a aumentar a nível mundial, sendo uma peça central nos esforços europeus para se tornar ecológica e alcançar a neutralidade climática.