Médicos Sem Fronteiras pedem "aumento urgente" da ajuda humanitária para vítimas do sismo na Síria
Os Médicos Sem Fronteiras dizem que nos cinco dias após o sismo chegaram à Síria "apenas" 10 camiões humanitários e alertam que a ajuda está a chegar muito lentamente, a níveis inferiores ao que acontecia antes do sismo.
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Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) pedem um "aumento urgente" da ajuda para as vítimas do sismo na Síria. Este domingo, chegou um comboio de ajuda humanitária com 14 camiões carregados de tendas e kits para ajudar a ultrapassar o inverno, mas os MSF alertam que a ajuda está a chegar muito lentamente, a níveis inferiores ao que acontecia antes do sismo.
"É necessário um aumento urgente do volume da ajuda para corresponder à escala da crise humanitária", afirmam, sublinhando que a ajuda atual "nem sequer corresponde aos volumes anteriores ao terramoto".
"A ajuda está a ser canalizada em quantidades negligenciáveis", disse Hakim Khaldi, chefe de missão dos MSF na Síria, acrescentando que, de acordo com os dados da ONU, cinco dias após o sismo, "apenas" 10 camiões com ajuda tinham entrado nas zonas da Síria controladas pelos rebeldes, através da travessia de Bab al-Hawa, a partir da Turquia.
"Nos 10 dias após o terramoto, o número de camiões que atravessou a fronteira para o noroeste da Síria foi inferior à média semanal de 2022", adiantou.
Os 14 camiões com mais de 1200 tendas e kits para ajudar a sobreviver ao inverno rigoroso, que chegaram este domingo, correspondem a uma ajuda "fora do mecanismo humanitário transfronteiriço organizado Nações Unidas".
Antes dos sismos, quase toda a ajuda humanitária para as mais de quatro milhões de pessoas que vivem em áreas controladas pelos rebeldes estava a ser entregue através de apenas uma passagem.
Na passada segunda-feira, a ONU anunciou que Bashar al-Assad tinha concordado em abrir mais duas passagens entre a Turquia e o noroeste da Síria para permitir a entrada de ajuda internacional.
Desde o sismo, a ONU enviou mais de 170 camiões de ajuda para o noroeste da Síria.
A Síria vive uma guerra civil desde 2011, desencadeada pela repressão às manifestações pró-democracia, que resultou em meio milhão de mortos, desalojou milhões e fragmentou o país que enfrenta nas últimas semanas as consequências de um devastador terramoto que teve epicentro na Turquia.
O balanço mais recente das Nações Unidas aponta para mais de 5800 mortos na Síria devido aos sismos. Ao todo, há mais de 46 mil vítimas mortais, a maior parte na Turquia.