Médicos Sem Fronteiras duvidam das propostas europeias para combate à imigração ilegal
A conselheira humanitária dos Médicos Sem Fronteiras acusa os líderes europeus de terem feito opções erradas nos últimos anos. Escolhas que conduziram ao desastre a que se assiste agora no Mediterrâneo.
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Aurélie Ponthieu, que tem testemunhado a crise humanitária, nas missões na Grécia e na Cecília, considera que as dez medidas que vão estar hoje em cima da mesa dos países membros da União Europeia são insuficientes para resolver o problema das migrações e reclama alternativas que façam a diferença.
A conselheira humanitária dos Médicos Sem Fronteiras acusa a Europa de ter feito opções erradas em matéria de política de emigração. A conselheira humanitária da organização Médicos Sem Fronteiras, Aurélie Ponthieu espera que na cimeira, os 28 saibam reconhecer o falhanço.
"Esperamos que os líderes europeus façam o balanço do impacto das políticas que puseram em prática e reconheçam o fracasso e o sofrimento que causaram, de modo a que algo mude nessas políticas", referiu em entrevista à TSF.
Aurélie Ponthieu considera que as opções que estão em cima da mesa da cimeira europeia não vão solucionar o problema.
"Os salvamentos no mar não são solução. É preciso impedir as pessoas de entrar nos barcos e arriscarem a vida. É preciso oferecer alternativas relevantes. Um ponto que não está muito claro no plano da Comissão".
A conselheira humanitária dos Médicos sem Fronteiras considera que o combate aos traficantes de pessoas também é uma medida insuficiente.
"Os traficantes apenas respondem à procura que existe. Penso que apenas concentrar os esforços a combater os traficantes só empurra as pessoas para rotas mais perigosas e vão encontrar outros caminhos para chegarem à Europa".
Aurélie Ponthieu espera que alguma coisa mude depois desta cimeira, porque entende que os naufrágios no mediterrâneo são o resultado dos erros europeus.
Os Médicos Sem Fronteiras saúdam para já os esforços para os salvamentos no mar. Mas, como alternativa, propõem uma política de imigração com opções legais e seguras para os migrantes que pretendem chegar à Europa.
A organização Médicos Sem Fronteiras atua há 15 anos no socorro de vítimas de naufrágios no Mediterrâneo. De acordo com o levantamento feito pela organização, ao longo deste período de tempo, o Mediterrâneo foi transformado em cemitério para mais de 20 mil migrantes e refugiados, em busca de proteção e melhores condições de vida na Europa.