Treinador de futebol pratica meditação e psiquiatra explicou à TSF a importância da técnica numa situação de perigo como a que está a ser vivida pelos jovens na gruta tailandesa.
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Ekapol Chanthawong, o treinador de 25 anos que está preso na gruta com 12 jovens, é praticante de meditação, uma técnica que terá ajudado a manter a calma dentro do local durante os nove dias em que a equipa de futebol não teve qualquer ligação com o exterior.
O jovem passou cerca de uma década num templo budista, o que lhe permitiu adquirir conhecimentos na área e aperfeiçoar a técnica.
À Associated Press, Tham Chanthawong, tia do treinador, referiu que o jovem pode estar "até uma hora a meditar", o que "definitivamente ajudou os meninos a manterem a calma".
Psiquiatra explica a importância da meditação num caso extremo
"Se eles conseguirem aprender e pôr em prática uma gestão emocional e comportamental, e até cognitiva do pensamento - não terem pensamentos muito destrutivos e pessimistas -, esta prática da meditação pode ajudar a que eles se autorregulem para que, mesmo que venha a ser necessário terem de mergulhar, as sensações de claustrofóbica e sensação iminente de a vida estar em perigo sejam contrabalançadas com as variáveis de autorregulação emocional e comportamental que são fundamentais. Se praticarem meditação pode ser uma ferramenta que os ajude a autorregularem-se de forma a poderem sair bem desta situação", explicou o psiquiatra Vítor Cotovio em declarações à TSF.
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O especialista refere que "está provado que as práticas de meditação têm esta possibilidade de autorregulação porque acalmam uma zona do nosso cérebro que é a zona do medo".
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Neste sentido, Vítor Cotovio realça ainda a importância de o treinador ser visto como um líder e de os jovens serem uma equipa e já terem relações fortes. "O facto de já serem equipa cria lanços entre eles e pode criar uma situação quer de confiança, quer de resiliência, quer de esperança que, se mantiverem o contacto com o exterior, com os familiares e com os outros que os estão a tentar ajudar, a ligação e o sentimento de pertença faz com que este círculo possa funcionar se não houver coisas que não controlamos, como as chuvas que aí vêm".
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Os jovens e o treinador estão presos na gruta há 12 dias, após moções fortes naquela zona de Tailândia, e foram encontrados com vida, sendo que o resgate mais provável será através de mergulho. Neste caso os jovens terão de percorrer cerca de três/quatro quilómetros de gruta com equipamento que nunca utilizaram, sem saberem nadar e passando por buracos muito apertados, o caminho que é feito pelos mergulhadores especialistas que conseguem alcançá-los na zona mais alta e seca da gruta.