"Maria", uma luso-moçambicana que regressou a Moçambique há dez anos, diz que o «medo» e os sequestros dominam os pensamentos de quem vive em território moçambicano.
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Milhares de moçambicanos e estrangeiros residentes em Moçambique estão a fugir do país por causa do «medo», explicou "Maria", uma cidadã com dupla nacionalidade portuguesa e moçambicana.
Na terra onde nasceu e onde regressou há uma década, "Maria" contou à TSF a sensação de insegurança que se vive em Maputo em casa, na escola ou mesmo no trabalho.
«As crianças têm medo de ir para a escola e de ir para a rua», explicou Maria, que já foi obrigada a tirar os seus filhos da explicação por causa da insegurança que se vive em Moçambique.
"Maria", que está a ponderar o regresso a Portugal, explicou que os raptos são o novo negócio em Moçambique, raptos que não escolhem nacionalidade, idade ou sexo.
Esta luso-moçambicana, que viveu de perto um caso de sequestro de um familiar há pouco tempo, resolvido com o pagamento de um resgate de dezenas de milhares de euros, lembrou que nem todos os raptos têm um final feliz.
"Maria" lembrou um caso que foi abordado pela comunicação social moçambicana e que envolveu uma criança de 13 anos, um caso que poderá provar que a polícia está envolvida nestes sequestros.
A mãe desta criança «avisou a polícia a contar que a polícia pudesse fazer o acompanhamento do resgate do menino», mas, «segundo o que a senhora testemunha, a própria polícia avisou os raptores e acabaram por matar o menino».
"Maria" recordou também o caso do rapto de uma portuguesa na Matola, na teça-feira, onde a cidadã lusa foi raptada dentro do seu local de trabalho, algo coloca a situação em Moçambique no «completamente mau».
Esta luso-moçambicana considera que o governo português tem feito pouco para ajudar a acabar com este clima de insegurança em Moçambique, uma vez que o embaixador português «não disse aquilo que estávamos à espera».
«Por uma questão de as pessoas terem medo de expor e falar, talvez por isso o governo português talvez ainda não tenha cobrado devidamente a Moçambique a questão dos raptos», concluiu.