Menos direitos para os trabalhadores e mais armas. A primeira entrevista do "Presidente Bolsonaro"
Jair Bolsonaro deu a primeira entrevista enquanto Presidente brasileiro e abordou temas como o direito e justiça no trabalho, a posse de armas e até as ligações militares aos Estados Unidos.
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A lei do trabalho, a facilidade no acesso a armas ou até mesmo a possibilidade de vir a implementar uma base militar norte-americana no Brasil foram alguns dos tópicos abordados na primeira entrevista de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil.
Ao canal SBT, Bolsonaro sublinhou que o Brasil tem demasiadas leis do trabalho e considerou mesmo que há uma excessiva proteção dos trabalhadores. O Presidente brasileiro faz notar que os trabalhadores recebem pouco e os empresários pagam demais, sendo por isso necessário encontrar um equilíbrio, dando o exemplo dos Estados Unidos como um modelo a seguir.
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"O Brasil é um país de direitos em excesso, isto falando em emprego. Quando alguém pensa em produzir alguma coisa, quando vê os encargos trabalhistas que atrapalham todos no Brasil, aquela pessoa deixa de empreender. Olhem para os Estados Unidos: lá não têm quase direitos trabalhistas nenhuns. Não adianta ter direitos e não ter emprego", acrescentou Bolsonaro sobre a situação no Brasil.
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Aprofundando a questão, Bolsonaro alerta para as questões da justiça no trabalho. "No Brasil há 4 milhões de ações trabalhistas por ano, ninguém aguenta isso. Temos mais ações trabalhistas que o mundo todo, algo está errado, é um excesso de proteção. É como um casamento: se há ciúme exacerbado de um lado e de outro, tem tudo para acabar."
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Questionado sobre se o seu Governo poderá vir a apresentar um projeto-lei para acabar com os tribunais de trabalho, Bolsonaro admite que tal está a ser estudado e pode mesmo vir a existir. "Em havendo clima, poderemos discutir essa proposta e levá-la em frente. A mão-de-obra no Brasil é cara, o empregado ganha pouco mas a mão-de-obra é cara. Costumo dizer que é pouco para quem recebe e muito para quem paga, alguém ganha mil reais e o patrão gasta, na verdade, dois mil."
Acesso às armas facilitado
É um dos temas mais controversos do discurso de Bolsonaro mas o presidente brasileiro reforçou a sua intenção: quer tornar o acesso às armas mais fácil, sendo que o seu Governo está já a preparar um decreto. "O último Governo limitou a duas armas no máximo para cada um de nós. Proponho duas armas para o povo e, para os agentes de segurança, quatro ou seis armas, aumentar o seu número. Pretendemos também abrir o mercado a outras armas", de forma a combater o monopólio.
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Para ilustrar as suas intenções, Bolsonaro dá o exemplo das mulheres. "Muitas mulheres são vítimas de violência por parte de gente que entra nas suas casas e assim vão poder defender-se. Devemos também colocar na lei - e procurar aprovação, acho que o Congresso vai dar esse direito - a legítima defesa da vida própria ou de outrem, do património próprio ou de outrem. Estará no excludente de ilicitude, pode disparar e se o outro morrer poderá ter de responder, mas não terá punição", explicou. "Pode ter a certeza que a violência cairá assustadoramente no Brasil", garantiu Bolsonaro.
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No que diz respeito à política externa, o Presidente brasileiro considera que o Brasil deve estar preocupado com as ligações da Rússia à Venezuela e admite mesmo estar em cima da mesa a hipótese de discutir com os Estados Unidos uma nova base militar norte-americana em território brasileiro.