O que podem as economias como a portuguesa esperar do impacto do conflito israelo-iraniano ao nível de inflação, preço dos combustíveis, bolsas e até metais como o ouro?
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Apesar da incerteza com o dia de amanhã, os mercados financeiros parecem corrigir da queda suave de 1% da primeira semana de guerra no Médio Oriente (Israel-Irão), com o preço do petróleo a registar a maior queda dos últimos dias e longe da pressão que apontava para ultrapassar a meta dos 100 dólares o barril com a continuação do conflito.
O que podem então as economias como a portuguesa esperar do impacto do conflito israelo-iraniano ao nível de inflação, preço dos combustíveis, bolsas e até metais como o ouro? As questões feitas pela TSF foram dirigidas a um analista sénior de mercados.
Ricardo Evangelista, CEO da ActivTrades Europe, corretora internacional que atua nos vários mercados financeiros globais, considera que as bolsas mundiais, incluindo as europeias, reagiram mais positivamente ao conflito Israel-Irão do que noutras alturas, em situações passadas, como, por exemplo, após os atentados do 11 de Setembro em que a queda rondou os 5%. Anteriormente, durante a 2.ª Guerra Mundial, a queda foi de quase 20% depois do ataque a Pearl Harbour. No início da segunda semana de conflito no Médio Oriente, os mercados bolsistas estão já a corrigir a queda inicial generalizada de 1%.
Apesar da volatilidade devido à incerteza quanto ao fecho do estreito de Ormuz, a perspetiva de tréguas em breve também já marca o mercado do petróleo, sem tocar nos 100 dólares o barril, como de início previam os analistas, pela noção de que o Irão também sairia “chamuscado” se avançasse com tal ação.
No mercado cambial, o dólar continua a ser referência para as transações internacionais, apesar da tentativa dos BRIC em criar uma moeda única para o comércio global e do Presidente chinês, Xi Jinping, ter dito que é boa altura para o mundo perceber que não precisa dos EUA para nada, não prevendo, por isso, pelo menos na próxima década, que o mundo possa estar a caminhar para a desordem monetária e financeira internacional.
Por saber fica a resposta à questão se será exequível essa nova moeda dos BRIC se tornar competitiva e roubar espaço ao dólar face à política protecionista norte-americana.
O ouro continua a ser um refúgio dos investidores, não tanto pelo conflito no Médio Oriente, mas mais pelo quadro geopolítico que resultou na imposição das tarifas norte-americanas. O ouro é sempre visto como investimento de refúgio quando rebentam guerras: na passada sexta-feira, a onça fechou a valer 3,36 dólares e uma variação de 0,62% face ao mês anterior, mas não significa que a compra de barras de ouro, ETF ou fundos e ações do sector da mineração deixaram de ser uma opção face à atual volatilidade e incerteza.
Quanto ao mercado da dívida soberana, não há previsão de riscos, apenas se o cenário mundial se agravar e trouxer novos riscos inflacionistas que levem à intervenção da política monetária dos respetivos bancos centrais.
