
Bernd Von Jutrczenka/Reuters
O porta-voz do governo alemão anunciou esta segunda-feira a intenção da chanceler Angela Merkel de pedir o fim do processo de adesão da Turquia à União Europeia. Turquia acusa de racismo.
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A cerca de três semanas das eleições, o governo federal alemão promete colocar em cima da mesa dos líderes europeus, em outubro, um tema que não tem merecido consenso. O anúncio foi feito pelo porta-voz de Angela Merkel, Steffen Seibert.
A decisão surge horas depois do debate televisivo entre Merkel e Martin Schultz que, segundo os analistas, foi favorável à atual líder alemã, que está cada vez mais próxima de ganhar a reeleição.
Ontem, durante o debate, a chanceler foi categórica: "É claro que a Turquia não deve tornar-se membro da União Europeia. "[Quero] falar com os colegas [da UE] para ver se conseguimos alcançar uma posição conjunta sobre este assunto e se podemos pôr fim às negociações de adesão".
Merkel acrescentou ainda que não vê qualquer hipótese de a "adesão a acontecer e nunca acreditei que ela pudesse ocorrer".
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Aliás, este foi um ponto onde ambos os candidatos estiveram de acordo. Martin Schultz afirmou que, se for eleito chanceler, vai cancelar as negociações de adesão da Turquia.
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A primeira reação turca chegou pela voz do ministro dos assuntos europeus, citado pela agência Reuters. Ömer Çelik diz que a declaração alemã é um ataque aos fundamentos da instituição europeia, e que o país continuará a sentir-se europeu e uma democracia europeia.
Também o porta-voz da presidência da Turquia acusou Angela Merkel e Martin Schulz de "estimularem o racismo e a discriminação".
"A política maioritária alemã, que resvala para o populismo e a intenção de ver o 'outro' apenas como inimigo, apenas estimula a discriminação e o racismo", escreveu Ibrahim Kalin na sua conta no Twitter. O porta-voz assegurou "não ser por acaso" que os dois políticos alemães "atacaram a Turquia e o Presidente [Recep Tayyip] Erdogan, refletindo assim a estreiteza das visões da Europa".
O responsável turco repetiu a acusação de que a Alemanha fornece asilo a membros do proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), e da confraria do predicador exilado Fethullah Gülen (Organização Terrorista Fethullah Gülen, FETÖ, de acordo com a designação de Ancara), e acusado de ter fomentado o fracassado golpe de Estado de julho de 2016.
"Pouco importa qual o partido que vai vencer [as legislativas] na Alemanha. Porque já ficou claro que mentalidade vai ganhar", acrescentou.