Metsola manteve contacto com Israel para segurança de eurodeputada a bordo do "Madleen"
O veleiro, que se dirigia para a Faixa de Gaza transportando ajuda humanitária e 12 ativistas pró-palestinianos a bordo, chegou esta segunda-feira a um porto em Israel, após ter sido apresado por militares israelitas esta manhã, no âmbito do bloqueio de longa data que impuseram ao território palestiniano
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A presidente do Parlamento Europeu manteve nos últimos dias permanente contacto com Israel pela segurança da eurodeputada Rima Hassan, a bordo do veleiro Madleen, com destino a Gaza com ajuda humanitária, indicou esta segunda-feira a sua porta-voz.
“A proteção e o bem-estar dos deputados europeus, em qualquer parte do mundo, serão sempre a máxima prioridade do Parlamento Europeu”, sublinhou Delphine Colard, porta-voz de Roberta Metsola, numa mensagem publicada na rede social X.
“Nos últimos dias e horas, a presidente do Parlamento Europeu tem estado em contacto constante com as autoridades israelitas e os líderes dos grupos políticos do Parlamento Europeu para garantir a segurança e a proteção da deputada europeia Rima Hassan, que era uma das pessoas a bordo do barco Madleen, e de todos aqueles que a acompanhavam”, prosseguiu a porta-voz de Metsola.
Entretanto, o veleiro, que se dirigia para a Faixa de Gaza transportando ajuda humanitária e 12 ativistas pró-palestinianos a bordo, chegou esta segunda-feira a um porto em Israel, após ter sido apresado por militares israelitas esta manhã, no âmbito do bloqueio de longa data que impuseram ao território palestiniano.
Escoltado por dois navios da Marinha israelita, o veleiro chegou ao porto de Ashdod ao anoitecer, por volta das 20h45 locais (18h45 de Lisboa), segundo a agência de notícias francesa, AFP.
Anteriormente, a organização Flotilha da Liberdade, que organizou a viagem, tinha instado a pressão da comunidade internacional para confrontar Israel com a sua abordagem ao veleiro humanitário Madleen e detenção da tripulação de 12 pessoas, entre as quais a eurodeputada Rima Hassan e a ativista climática sueca Greta Thunberg.
Desde a apreensão do navio pelas autoridades israelitas até à chegada ao porto de Ashdod, o grupo pró-palestiniano emitiu um comunicado indicando: “Já passaram 15 horas desde que vimos ou ouvimos falar dos nossos amigos e colegas. Não nos foi permitido qualquer contacto.”
O Madleen transportava seis voluntários franceses, um neerlandês, um turco, uma sueca, um brasileiro, uma alemã e um espanhol, e a Coligação Flotilha da Liberdade afirmou que os ativistas tinham sido “sequestrados pelas forças israelitas” quando tentavam entregar ajuda ao território.
“A embarcação foi abordada ilegalmente, a sua tripulação civil desarmada foi sequestrada e a sua carga vital — incluindo leite para crianças, alimentos e material médico — foi confiscada”, afirmou a organização.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel indicou que a veleiro foi apreendido em águas internacionais, a cerca de 200 quilómetros da Faixa de Gaza, e descreveu a viagem como um golpe de relações públicas, escrevendo na rede social X: “O iate das selfies das 'celebridades' está a caminho, em segurança, da costa de Israel”.
O Governo israelita indicou ainda que os ativistas regressarão aos seus países de origem e a ajuda será enviada para a Faixa de Gaza através dos canais estabelecidos.
Na rede social X, a porta-voz de Metsola escreveu: “A situação ainda está em curso e manteremos contacto permanente com todas as partes até que seja resolvida em segurança.”
O Madleen procurava furar o bloqueio imposto por Israel a Gaza desde 2 de março, antes de os militares israelitas quebrarem o cessar-fogo em vigor com o movimento islamita palestiniano Hamas.
Desde então, Israel intensificou as suas operações no território, cuja população se encontra na totalidade, segundo a ONU, “sob o risco de morrer de fome”.
O conflito na Faixa de Gaza foi intensificado pelo ataque liderado pelo Hamas a 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.
Em retaliação, Israel lançou, horas depois, uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas, que já fez quase 55 mil mortos, segundo números das autoridades locais que a ONU considera fidedignos, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.