A primeira dama norte-americana apelou aos norte-americanos para que mantenham a «confiança» no presidente Obama, que, mais do que «fazer dinheiro», quer «mudar a vida das pessoas».
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Numa intervenção de meia hora na conclusão do primeiro dia da Convenção Nacional Democrata, em Charlotte, Carolina do Norte, Michelle Obama falou das origens humildes do Presidente norte-americano, das dificuldades por que passaram como casal e como família, da dedicação de "Barack" à família.
«Barack sabe o que é o sonho americano, porque ele viveu-o; e ele quer que todos neste país tenham a mesma oportunidade (...) Para ele, o sucesso não tem a ver com a quantidade de dinheiro amealhado, mas com a diferença que se faz na vida das pessoas», disse Michelle Obama.
«Quando se trata de reconstruir a nossa economia, Barack está (...) a pensar no orgulho que vem de um dia de trabalho no duro», afirmou.
Sem nunca referir pelo nome o seu adversário nas eleições presidenciais de 06 de novembro, o milionário Mitt Romney, a primeira dama fez o contraponto entre o candidato republicano e o democrata.
Quatro anos depois de ter sido nomeado em Denver contra o republicano John McCain, sob o signo da «mudança» e da «esperança», 60 por cento dos eleitores norte-americanos dizem hoje, numa recente sondagem Associated Press-GfK, que o país está na direção errada.
Na generalidade das sondagens mais recentes, Obama e Romney surgem separados por poucos pontos, ou mesmo empatados.
Depois de, na semana passada, o candidato republicano, Mitt Romney, ser nomeado para a corrida presidencial numa Convenção em que apresentou como grande prioridade a resolução dos problemas económicos e financeiros do país, cabe a Obama tentar convencer os norte-americanos a darem-lhe mais tempo para apresentar resultados.
Michelle Obama trouxe a Charlotte o lado humano do primeiro mandato de Obama, sendo com frequência interrompida por aplausos dos milhares de democratas que encheram o estádio e que por vezes gritavam «mais quatro anos, mais quatro anos? para o presidente.
A primeira dama evocou algumas medidas de apoio à classe média, como os cortes fiscais para pequenas empresas, a operação de resgate da indústria automóvel norte-americana, exemplo da recuperação do quase colapso económico de 2008 até «à criação de empregos na América».
Sublinhou ainda a luta pela reforma do sistema de saúde para assegurar o acesso dos mais carenciados a cuidados e a defesa da saúde reprodutiva feminina.
Obama, adiantou a primeira dama, não se importa se alguém é «democrata, republicano ou outro», e o país deve juntar-se em torno do «homem em quem se pode confiar para continuar a fazer avançar este grande país».
Outra estrela da noite foi o presidente da câmara de San Antonio, Julian Castro, uma figura em ascensão no Partido Democrata, de apenas 37 anos, que fez ataques mais diretos a Mitt Romney, ligando as suas políticas económicas à da administração de George W. Bush, que falharam o país e a classe média e levaram à crise de 2008.
Numa situação «à beira da depressã», defendeu, Obama tomou medidas, permitindo a criação de 4,5 milhões de empregos, apesar da situação difícil e oposição republicana.
«Ele sabe melhor que ninguém que agora há mais trabalho duro pela frente, mas estamos a fazer progressos», disse Castro.
«Precisamos de fazer uma escolha entre um país onde uma classe média paga mais para que os milionários paguem menos, ou um país onde toda a gente paga a sua parte justa», disse o mayor latino-americano.
Numa altura em que o desemprego continua acima dos oito por cento, na semana passada o Departamento do Comércio norte-americano anunciou que o crescimento económico abrandou para 1,7 por cento no segundo trimestre.
Sobre o calendário da Convenção, entre terça e quinta-feira, pesa a divulgação de dois indicadores estatísticos: os pedidos semanais de subsídio de desemprego, no último dia, e, no dia seguinte, um relatório oficial sobre a situação de emprego no país.