Migrantes menores vivem "situação dramática" nas Canárias. Eurodeputado pede "política migratória mais humanista"
À TSF, João Oliveira conta que, na terça-feira, reuniu-se com jovens migrantes e associações de apoio e ficou a conhecer situações muito complexas do ponto de vista humano
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"Uma situação dramática." É assim que João Oliveira classifica a situação dos migrantes menores que chegam desacompanhados às Canárias. O eurodeputado integra uma missão da esquerda do Parlamento Europeu que está de visita àquelas ilhas. As Canárias têm capacidade para acolher dois mil menores, mas têm, neste momento, perto de seis mil. Em declarações à TSF, João Oliveira conta que, na terça-feira, reuniu-se com jovens migrantes e associações de apoio e ficou a conhecer situações muito complexas do ponto de vista humano.
"Há situações dramáticas. Ouvíamos ontem [terça-feira] o relato de dois irmãos, um com 16 anos e outro com 14, que foram separados cada um para a sua ilha. A ilha para onde foi o mais velho não tinha capacidade para poder ter lá o mais novo também. A gestão que foi feita foi separar dois irmãos. Havia outro aspeto que vinha à baila a propósito dessa discussão, que era de saber como isto tudo encaixa na política da União Europeia: um dos responsáveis de uma das instituições com quem falámos dizia ter uma grande preocupação de que há incapacidade do Estado espanhol para resolver esta questão do acolhimento dos menores de forma adequada, se associasse ainda por cima a perspetiva que a União Europeia tem de tratar algumas regiões da Europa como se não fossem Europa", explica à TSF João Oliveira.
O eurodeputado do PCP garante que vai levar para Bruxelas os relatos dos jovens migrantes, esperando que haja mais humanidade na política de migrações: "Talvez as coisas possam ser encaradas com mais humanismo e com mais humanidade, que é isso que falta efetivamente à política de migrações."
"As pessoas não podem ser peças de uma máquina de exploração económica e a sua vida não vale apenas por aquilo que cada um produz. As pessoas têm de ser encaradas como seres humanos de corpo inteiro, com projetos de vida, com necessidades para a realização pessoal e profissional. Julgo que isso exige uma política migratória humanista e não esta barbaridade de políticas de expulsão e de contenção das pessoas", sublinha.