Milhares de pessoas preparam-se para sair à rua em Israel para protestar contra ocupação total de Gaza
As famílias dos reféns na posse do Hamas acusam o Executivo de Benjamin Netanyahu de sacrificar estas pessoas e pedem à população que paralise o país até que haja um acordo para a libertação dos cativos na posse do Hamas
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Milhares de pessoas preparam-se para sair às ruas em Israel na noite deste sábado para protestar contra a decisão do Governo de tomar controlo da cidade de Gaza, ao fim de 22 meses de guerra com o Hamas.
As famílias dos reféns alertaram que a medida coloca em risco a vida dos 20 israelitas que se presumem estarem ainda vivos na Faixa de Gaza. Acusam o Executivo de Benjamin Netanyahu de sacrificar estas pessoas e pedem à população que paralise o país até que haja um acordo para a libertação dos cativos na posse do Hamas.
Por isso mesmo, já começaram a reunir-se, na sexta-feira, em frente à casa do ministro da Defesa israelita, Israel Katz, para protestar contra a decisão de Telavive de expandir a ofensiva e assumir o controlo da cidade de Gaza.
"O Governo pensa que ainda há tempo, nós não vamos ficar de braços cruzados. Vamos agir, e somos um povo inteiro", disse Ohad Ben Ami, que foi libertado durante o cessar-fogo entre Israel e o Hamas no início deste ano, depois de ter passado 491 dias como refém na Faixa de Gaza, em declarações partilhadas pelo Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos, que representa a maioria dos familiares dos sequestrados.
O Fórum organiza manifestações em Telavive, Jerusalém e outras localidades, incluindo um protesto simbólico com uma “mesa da fome” - servindo apenas feijão enlatado, tal como foi mostrado num recente vídeo de propaganda do Hamas.
A decisão do gabinete de segurança foi tomada apesar de alertas militares de que poderia pôr em perigo os reféns e agravar a crise humanitária.
Organizações pacifistas e grupos antiguerra também se juntam aos protestos, pedindo o fim da ocupação de Gaza.
A decisão do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de ordenar ao Exército que assuma o controlo da Cidade de Gaza, no norte do território, e deslocar centenas de milhares dos seus habitantes está a provocar uma vaga protestos e indignação em todo o mundo.
A decisão foi anunciada na madrugada de sexta-feira após uma reunião do Gabinete de Segurança que demorou 10 horas, mas o Governo não revelou muitos pormenores sobre o plano.
A guerra em curso em Gaza foi intensificada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1200 mortos e mais de duas centenas de reféns. A retaliação de Israel já provocou mais de 61 mil mortos no enclave.