Milhares de sul-coreanos pedem justiça pela morte de 156 pessoas em festejos de Halloween
Muitos manifestantes não se conformam com o pedido de desculpas do governo e a promessa de mais segurança em futuros eventos com multidões.
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Centenas de milhares de pessoas protestaram, este sábado, em Seul, na Coreia do Sul, para pedir justiça na sequência de uma debandada que causou a morte de pelo menos 156 pessoas que celebravam o Halloween.
Vestidos de negro, com máscaras faciais negras e velas na mão, e cartazes com uma hora marcada: 6h34. Foi esse o momento em que, a 29 de outubro, pelo menos 156 pessoas morreram esmagadas por uma multidão na cidade de Itaewon e muitas outras ficaram feridas.
As vigílias começaram esta madrugada e ocuparam várias zonas de Seul. A par da memória das vítimas, muitos manifestantes deixaram claro que não se conformam com o pedido de desculpas do governo e a promessa de mais segurança em futuros eventos com multidões.
Muitos sul-coreanos foram para a rua pedir a queda do governo. "A demissão também é uma forma de condolências!", podia ler-se num dos cartazes.
Noutros, era visível o número 11, numa alusão à demora na chegada de socorro. Isto porque foram pelo menos 11 as chamadas para os serviços de emergência antes que a ajuda chegasse.
O ministro do Interior sul-coreano, Lee Sang-min, pediu desculpas na terça-feira. Foi o primeiro pedido oficial de desculpas depois da tragédia, que aconteceu quando cerca de 100 mil pessoas se concentraram em Itaewon, uma zona de restaurantes, bares e discotecas num labirinto de vielas estreitas e íngremes ao longo de uma das principais avenidas de Seul.
O chefe da polícia da Coreia do Sul tinha já admitido que a força de segurança recebeu múltiplos avisos "que uma grande multidão se tinha reunido mesmo antes da ocorrência do acidente, sinalizando um perigo urgente".
O partido no poder na Coreia do Sul anunciou que pretende rever a lei de segurança e gestão de desastres, na sequência da debandada.
A Câmara Municipal de Seul tem um sistema de controlo de multidões em tempo real, que utiliza dados de telemóveis para prever o tamanho da assistência de um evento, mas não foi utilizado no sábado à noite, de acordo com os meios de comunicação locais.