António Pedro Santos/Lusa
O ato ocorre três dias após as eleições legislativas e presidenciais na nação africana ocidental, assolada pela pobreza
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Os militares na Guiné-Bissau anunciaram esta quarta-feira que estão a assumir o "controlo total" do país e, por isso, suspenderam o processo eleitoral e fecharam as fronteiras.
O ato ocorre três dias após as eleições legislativas e presidenciais na nação africana ocidental, assolada pela pobreza.
No início desta quarta-feira, ouviram-se tiros perto do palácio presidencial do país, propenso a golpes de Estado, enquanto homens fardados tomavam o controlo da estrada principal que conduz ao edifício.
Os militares que fizeram o anúncio leram uma declaração no quartel-general do Exército na capital, Bissau, segundo observaram jornalistas da AFP no local. Centenas de pessoas a pé e em veículos fugiram em busca de abrigo quando os tiros começaram.
"Foi instaurado pelas altas chefias militares dos diferentes ramos das Forças Armadas, o Alto Comando Militar para a restauração da segurança nacional e ordem pública" e que o mesmo "acaba de assumir plenitude dos poderes de Estado da República da Guiné-Bissau", lê-se no comunicado.
O paradeiro do ainda Presidente, Umaro Sissoco Embalo, favorito para ser reeleito, está até agora desconhecido.
Tanto Embalo como o candidato da oposição, Fernando Dias, já declararam vitória na corrida, que até quarta-feira tinha decorrido pacificamente.
Os resultados oficiais provisórios das eleições são esperados para quinta-feira neste tumultuoso país da África Ocidental, que sofreu quatro golpes de Estado desde a independência, bem como várias tentativas de golpe.
A Guiné-Bissau está entre os países mais pobres do mundo e é também um centro de tráfico de droga entre a América Latina e a Europa, um comércio facilitado pela longa história de instabilidade política do país.
A delegação da agência Lusa na Guiné-Bissau está suspensa desde agosto após a expulsão pelo Governo dos representantes dos órgãos de comunicação social portugueses. A cobertura está a ser assegurada à distância.