Ministério Público abre inquérito sobre organização de manifestação por Bolsonaro
Investigação pretende averiguar se houve lugar a um "desvio de objetivo" nas comemorações organizadas pelo governo, por ocasião do bicentenário da independência, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na presença de milhares de apoiantes de Jair Bolsonaro, candidato a um novo mandato.
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O Ministério Público brasileiro abriu um inquérito sobre a organização, a menos de um mês das presidenciais, de uma eventual "manifestação política partidária" pelo governo por ocasião do bicentenário da independência.
O gabinete do procurador-geral disse, na quinta-feira, que a investigação pretende averiguar se houve lugar a um "desvio de objetivo" nas comemorações organizadas na véspera, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na presença de milhares de apoiantes do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, candidato a um novo mandato, de acordo com um comunicado.
O tradicional desfile cívico-militar, que decorre habitualmente no centro da cidade, mudou de localização, a pedido do chefe de Estado, para se realizar naquela praia, onde os apoiantes de Bolsonaro se costumam concentrar, o que levou a uma alegada confusão entre as comemorações do bicentenário e manifestações políticas a favor do Presidente brasileiro.
Na quinta-feira, Bolsonaro recorreu às redes sociais para se defender das denúncias de opositores, de acordo com os quais houve um aproveitamento eleitoral da festa do país: "não gastei um cêntimo, paguei todas as minhas despesas. Houve uma separação clara entre o acontecimento cívico-militar e aquele que decorria no exterior".
Por seu lado, o gabinete do procurador-geral afirmou que, numa primeira fase, não foi possível "identificar os esforços necessários e suficientes para diferenciar as celebrações do bicentenário da manifestação partidária que decorria no mesmo local".
Numa carta dirigida, na quinta-feira, ao Senado, o antigo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, acusou Bolsonaro de "ter desviado" a comemoração do bicentenário numa "tentativa flagrante de obter uma vantagem eleitoral com recursos políticos".
Também na quinta-feira, o Partido Democrático Trabalhista (PDT, oposição) requereu junto do Tribunal Superior Eleitoral brasileiro a ineligibilidade do Presidente e candidato, que acusou de transformar a celebração do bicentenário da independência num "palanque eleitoral".
De acordo com a última sondagem do Instituto Datafolha, publicada na semana passada, Lula da Silva lidera as intenções de voto para as eleições presidenciais de 02 de outubro, com 45% contra 32% para Bolsonaro.