O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, esteve sábado de visita às tropas portuguesas na Republica Central Africana e São Tomé e Príncipe. Uma viagem em que os elogios às tropas portuguesas marcaram o tom das declarações estrangeiras.
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O dia terminou com um jantar com as guarnição do navio português Zaire, embarcação que desde 2018 patrulha o Golfo da Guiné. O controlo da zona costeira de São Tomé e Príncipe é na opinião de João Gomes Cravinho, fundamental. "para dar conhecimento da situação nas águas do país", explica o ministro acrescentando que esta não é uma missão importante apenas para Portugal: "também o é para as autoridades de São Tomé. Nestes três anos, o navio tem dado apoio a embarcações em dificuldade, vítimas das atividades criminais que aconteciam nestas águas".
Entre os alvos do navio português, João Gomes Cravinho destaca o combate à pirataria. O caso mais recente, do navio mercante Zhen Hua 7 alvo de um ataque de pirataria na Zona Económica Exclusiva, no passado dia 13 de novembro de 2020.
O ataque, que ocorreu a cerca de 80 milhas da ilha de São Tomé, culminou no rapto de 14 dos 27 tripulantes do navio mercante e fez um ferido, resultante do disparo de armas de fogo.
"Cerca de 90% da pirataria de todo o mundo acontece nestas águas, mas a permanência do Zaire tem um efeito dissuasor", assegura João Gomes Cravinho.
Um terço dos militares a bordo deste navio é são-tomense. "Já estão em rotação, ou seja, já não são os primeiros a fazer parte da guarnição", adianta o ministro. O comandante da Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe acrescentaria mais tarde que, "não há diferença entre os elementos portugueses e são-tomenses. O trabalho e o apoio do navio Zaire é muito positivo."
De resto, o navio tem servido ao longo dos últimos três anos para dar formação à Guarda Costeira do arquipélago. Uma missão ao abrigo do Programa-Quadro de Cooperação no domínio da Defesa, assinado entre os dois países, e que João Gomes Cravinho espera que se mantenha nos próximos tempos. "O que se prevê é que nos próximos dois ou três anos seja possível deixar aqui uma marca muito significativa. Um incremento grande em termos da capacidade de defesa do país."
O ministro da Defesa aproveitou, ainda, a breve passagem pelo país de língua oficial portuguesa para condecorar três militares portugueses.
"Militares portugueses trabalham com coração, com amor"
Antes, a comitiva do ministro da Defesa, fez escala em Bangui, na República Centro Africana. João Gomes Cravinho ouviu da ministra da Defesa daquele país, Marie-Noelle Koyara, palavras de agradecimento pelo contributo das tropas portuguesas para manutenção da segurança naquele país.
"Quando percorremos este país, vemos que o nosso povo agradece aos portugueses", assegurou, em português, a governante. "Em nome do Governo e do povo do meu país, quero agradecer a Portugal. Os portugueses estão a trabalhar bem, com coração, com amor. O nosso país atravessa um momento difícil, há muitos bandos armados, mas sei também que os portugueses nos vão ajudar a garantir a estabilidade necessária para podermos realizar as eleições da próxima",concluiu Marie-Noelle Koyara.
A República Centro Africana tem assistido um aumento das tensões internas com o aproximar da data das eleições, legislativas e presidenciais, marcadas para 27 de dezembro.
No entanto, João Gomes Cravinho assegura que, "momentos eleitorais são sempre momentos de tensão. O que é fundamental é que essas tensões não saiam do plano político. Este é um momento de grande vulnerabilidade. A República Centro Africana vem de um processo de grande fragilização, mas nestes últimos anos tem vindo a recuperar capacidade de extensão da autoridade do Estado no território", resumiu o titular da pasta da Defesa.
"No presente, estamos a ver a missão das Nações Unidas a procurar assegurar que um todo o território haja segurança e estabilidade para que os centro africanos exerçam o seu direito de voto. Sobretudo, vemos a força de reação rápida portuguesa em ação para que se atinja esse objetivo", assegurou João Gomes Cravinho.
Portugal participa desde 2017 na missão das Nações Unidas para a estabilização do país centro-africano. Neste momento, estão no país 180 militares comandos que integram a Força de Reação Rápida. A estes, soma um contingente de 55 militares envolvidos na Missão de Treino da União Europeia, um projeto com vista à criação de umas Forças Armadas da República Centro Africana e que nos últimos quatro anos formou 6.000 militares locais.
João Gomes Cravinho reconhece que esta, "é uma missão complexa. Mas as Forças Armadas têm demonstrado um enorme brio. O trabalho que aqui têm feito, particularmente a Força de Reação Rápida, é único e excecional."
O ministro da Defesa, que viajou acompanhado pelo Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, almirante António Silva Ribeiro, lembrou que o tom que ouve nos contactos, "com o representante especial do secretário-geral das Nações Unida, com a embaixadora da União Europeia em Bangui", também é de gratidão pelo esforço realizado 243 militares portugueses estacionados na Republica Centro Africana.