Ministro da Saúde de Espanha demite-se para ser candidato às eleições da Catalunha
Salvador Illa abandona o Governo a meio da terceira vaga para tentar chegar à presidência da Generalitat da Catalunha.
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A meio da terceira vaga do coronavírus, Espanha fica sem o seu ministro da saúde. Salvador Illa anunciou ainda em dezembro que seria o candidato do PSOE às eleições da Generalitat da Catalunha e abandona o cargo esta terça-feira, para se dedicar exclusivamente à campanha eleitoral.
Carolina Darias, ministra da Política Territorial até agora, deverá assumir a pasta da Saúde e herdar a gestão da pandemia. Para a Política Territorial especula-se com o nome de Miquel Iceta, secretario do partido socialista da Catalunha e candidato às eleições até ser substituído por Salvador Illa.
O anúncio da candidatura de Illa e o timing escolhido, um momento em que a terceira vaga da pandemia faz crescer o número de mortos e contágios todos os dias foi muito criticado pela oposição que acusa o ministro de tirar proveito do cargo para ser eleito.
"Não pode desaparecer como se não tivesse nada a ver com o assunto. Estamos numa situação crítica, não podemos normalizar estes números. Vendeu-se a ideia da vacina como a esperança e assistimos a uma falta de coordenação total. Vamos conseguir vacinar 70% da população até ao verão? O ministro está a utilizar a sua posição no Governo como trampolim para ser candidato à Generalitat. Não pode fugir e deixar-nos sozinhos", acusa a porta-voz do PP, Cuca Gamarra.
Agora, que abandona a pasta, é o próprio sócio do Governo, o Podemos, que o acusa de fugir ao escrutínio do Parlamento. "Parece-nos um erro que essa demissão aconteça um dia antes da Comissão de Saúde onde iria dar explicações. Parece-nos que a demissão deveria acontecer depois, não pode ser que o ministro saia pela porta de trás, sem antes dar explicações", diz Jaume Asens, presidente do Grupo Parlamentar do Podemos no Congresso dos Deputados.
Favorito nas sondagens
Illa apresenta-se como um dos candidatos mais fortes às eleições catalãs. Segundo a última sondagem do Centro de Investigações Sociológicas (CIS), o socialista venceria as eleições, com 23,9% dos votos. Ficaria longe da maioria absoluta, mas teria hipóteses de formar governo com os independentistas do Esquerda Republicana.
Ainda assim, a preferência do ainda ministro seria formar um Governo com os Comuns, a versão catalã do Podemos. Este cenário obrigaria a um acordo com mais partidos, à semelhança do que acontece a nível nacional, uma vez que nenhuma sondagem dá números suficientes a esta coligação.
De acordo com as informações de vários meios nacionais, a candidatura de Salvador Illa às eleições esteve em cima da mesa desde a formação do Governo de Pedro Sánchez. Aliás, quando o presidente do Governo lhe ofereceu a pasta da Saúde, teria sido precisamente para lhe dar um Ministério com poucas funções, uma vez que em Espanha as competências a nível da saúde estão praticamente todas transferidas para as Comunidades Autónomas, que lhe permitisse manter alguma influência na Catalunha. Recorde-se que Salvador Illa é catalão e sempre se dedicou à política naquela região.
Mas poucas semanas depois da formação do Governo, a pandemia do coronavírus obrigou a uma mudança drástica de planos e, um ministério com pouca projeção passou a estar no centro de todas as decisões. A chegada das vacinas e os maus resultados que se previam para o PSOE na Catalunha, precipitaram o regresso ao plano inicial.
Ainda sem data definitiva
As eleições estão marcadas para dia 14 de fevereiro, mas esta pode não ser a data definitiva. A Generalitat tentou adiá-las para 30 de maio por causa dos números da pandemia mas os tribunais obrigaram a mantê-las no dia estipulado. A decisão está ainda em fase de recurso e a data definitiva só se deverá conhecer na primeira semana de fevereiro.
O PSOE estava contra o adiamento das decisões e acusou os independentistas de mudar a data por interesse político, perante os maus resultados nas sondagens. Por sua vez, os independentistas acusam o partido do Governo colocar os resultados políticos acima das necessidades epidemiológicas.
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