A ministra dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana refere que a França, Egito, Turquia, Jordânia, Itália e Reino Unido poderiam formar uma "força de estabilização" em Gaza em paralelo com a ONU
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A ministra dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, Varsen Aghabekian, apoiou a possibilidade de um grupo de países que, em conjunto com as Nações Unidas, possam estabelecer uma "missão de paz" na Faixa de Gaza.
A ministra referiu, em concreto, que a França, Egito, Turquia, Jordânia, Itália e Reino Unido poderiam formar uma "força de estabilização" em Gaza em paralelo com a ONU.
Numa conferência de imprensa em Ramallah, capital da Cisjordânia, a ministra explicou o plano de ação da Autoridade Palestiniana para a Faixa de Gaza após o fim da guerra.
Aghabekian defendeu a escolha de "vários países" para criar uma "força de estabilização", incluindo a Turquia e a Jordânia, nações que, segundo a ministra, estariam interessadas em participar.
A ministra não especificou nem os detalhes, nem o formato da eventual força internacional.
As declarações da ministra palestiniana ocorrem depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter defendido uma "força internacional temporária de estabilização" para o território palestiniano, alvo de uma ofensiva israelita desde outubro de 2023.
Recentemente, o Governo israelita anunciou que vai assumir o controlo da cidade de Gaza, onde vivem cerca de um milhão de residentes, que seriam deslocados.
Sobre esta questão, a chefe da diplomacia palestiniana disse que Israel controla atualmente 75% da Faixa de Gaza e que antes da ofensiva israelita, cinco mil pessoas viviam num quilómetro quadrado, mas são atualmente 50 mil.
Para a ministra, a decisão de Israel sobre a ocupação do enclave costeiro revela que esta é uma "guerra contra os palestinianos" para tornar Gaza inabitável e deslocar os cidadãos residentes.
Sobre o "dia seguinte à guerra", a ministra enfatizou a posição da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP, que governa a Cisjordânia) que "deveria ser a entidade a exercer o poder político" e legal na Faixa de Gaza.
Esta opção já foi rejeitada pelo Governo israelita.
Segundo Aghabekian, depois da realização de eleições, o movimento islamita palestiniano Hamas não deve controlar Gaza, mas sim depor as armas, "uma vez que a Palestina não vai ser um Estado armado".
Varsen Aghabekian disse ainda que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, "distorce a realidade a 'torto e a direito'" e que tudo o que diz sobre a Faixa de Gaza "deve ser questionado pela comunidade internacional".
A ofensiva israelita em Gaza intensificou-se depois dos ataques do Hamas, no poder no enclave desde 2007, a 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1200 pessoas e perto de 250 foram feitas reféns.
Desde então, a operação militar israelita causou já mais de 61 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas, perante acusações de genocídio por vários países e organizações.
A ONU tem alertado para uma situação de fome generalizada no enclave, onde Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária desde há meses e que retomou recentemente, apesar de a União Europeia e organizações humanitárias reclamarem que a quantidade é insuficiente para suprir as necessidades da população de mais de dois milhões de pessoas.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas como uma organização terrorista.
