O ministro dos Negócio Estrangeiros do governo de transição da Guiné-Bissau, Delfim da Silva, apresentou hoje a demissão ao Presidente da República.
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Delfim da Silva, em declarações à TSF, reconheceu que o incidente com o voo da TAP prejudica a imagem da Guiné, mas há outras situações que afetam a credibilidade do país.
Delfim da Silva sublinha também que ficou surpreendido com toda esta situação. A tripulação foi obrigada por autoridades guineenses a descolar com 74 passageiros sírios portadores de passaportes falsos, mesmo depois de detetado o problema, o que levou a companhia portuguesa a suspender os voos entre os dois países.
A demissão surge por causa do incidente, «mas não é só isso», disse Delfim da Silva, referindo que outras situações têm ferido a credibilidade da Guiné-Bissau no exterior.
Este último caso terá sido a gota que fez transbordar o copo: «foi provocar um dano enorme à diplomacia guineense e não posso ficar calado, como se nada tivesse acontecido», declarou.
O ministro demissionário responsabiliza «gente ligada à imigração e segurança, que está relacionada com isto».
«Há cumplicidades», sublinhou.
«Para aquela gente passar aqui uns dias e depois ir para Lisboa como foi é porque houve cumplicidade entre pessoas que tinham a obrigação de proteger o país e não protegeram», reforçou Delfim da Silva.
O governante entregou hoje a carta de demissão ao presidente de transição, Serifo Nhamadjo, e aguarda agora por uma decisão do chefe de estado.
Seja como for, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse à Lusa que pretende continuar na atividade política.
Delfim da Silva destaca o facto de ter participado nos últimos meses em fóruns internacionais, em Nova Iorque e Paris, e considera que o incidente desta semana arruína os esforços feitos nesses encontros para o país reconquistar a confiança internacional.
«Estávamos menos mal, estava tudo bem encaminhado e provocaram um dano grande na diplomacia guineense», referiu, sem entrar em mais detalhes sobre quem são esses responsáveis.
Delfim da Silva refere ainda que a sua demissão é uma forma de «clarificar» a situação.