MNE ucraniano sobre defesa europeia: "Há um monte de questões técnicas por resolver"
Dmytro Kuleba aponta limitações das capacidades atuais da indústria de defesa no espaço euro-atlântico.
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A Aliança Atlântica acolhe esta quarta-feira a primeira reunião do conselho NATO-Ucrânia. Um encontro em que participam os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO e da Ucrânia para uma "conversa entre iguais".
O ministro Dmytro Kuleba é o representante de Kiev. À entrada para a reunião, saudou a "vontade política" para ajudar Kiev a defender-se da agressão russa, mas aponta falhas à industria ocidental que, em seu entender, limitam as capacidades de defesa não só da Ucrânia, mas de todo o espaço euro-atlântico.
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Dmytro Kuleba afirma que traz na agenda um único tema para "acrescentar" ao debate: "Precisamos de criar uma área comum euro-atlântica de indústrias de defesa." O ministro entende que "esta é a única forma não só de continuar a ajudar a Ucrânia a um nível suficiente, mas também de garantir a segurança e as capacidades de defesa dos próprios países da NATO".
O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros fala em limitações das capacidades atuais da indústria de defesa no espaço euro-atlântico, e dá o exemplo das promessas de entregas de munições à Ucrânia, que tardam em chegar.
"Temos o caso de um milhão de munições de artilharia prometidos pela União Europeia", apontou o ministro, confirmando que "até à data, foram entregues cerca de 300 mil". Por essa razão, admite que "não há falta de vontade [política]" para assegurar a entrega de munições, mas sim "um monte de questões técnicas que requerem muita atenção e cuidado".
É desta forma que Dmytro Kuleba afirma, em Bruxelas, que a indústria de defesa europeia precisa de ultrapassar as falhas que travam a capacidade de produção de armamento.
Para o ministro, são necessárias "pessoas com conhecimentos específicos sobre como funcionam as coisas, como funcionam os stocks de peças, como funcionam as cadeias de abastecimento têm de se sentar e resolver o assunto, caso contrário, a Europa continuará indefesa".
Kuleba falava ao lado do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que voltou a saudar a disponibilidade de diferentes aliados para prestar apoio à Ucrânia. No primeiro dia desta reunião, Stoltenberg destacou os "novos anúncios importantes" a que se tem assistido nos "últimos dias".
"A Alemanha prometeu oito mil milhões de euros para o próximo ano e os Países Baixos prometeram mais de 2 mil milhões de euros; a Roménia abriu um centro de treino de F-16 para pilotos ucranianos", exemplificou, acrescentando que "os aliados, incluindo os Estados Unidos e a Finlândia estão a enviar mais defesa aérea e munições, e 20 aliados criaram uma coligação de defesa aérea para a Ucrânia".
"Tudo isto ajuda a salvar vidas ucranianas e envia uma mensagem à Rússia de que o nosso apoio não vai vacilar", enfatizou Jens Stoltenberg.