A França junta-se aos Estados Unidos e ao Reino Unido e oferece ajuda à Nigéria para encontrar as jovens raptadas pela milícia islâmica Boko Haram, no norte do país.
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O grupo islâmico armado Boko Haram voltou a atacar e raptou mais três raparigas numa aldeia próxima de Borno, no nordeste da Nigéria, onde já tinham sido raptadas, no domingo à noite, oito jovens entre os 12 e os 15 anos. Raptos que aconteceram após outro rapto de 276 adolescentes, em meados de abril.
Depois de o Reino Unido e dos Estados Unidos terem oferecido ajuda e das Nações Unidas terem feito um apelo à comunidade internacional, o presidente francês veio hoje também assegurar que «fará tudo para ajudar a Nigéria a encontrar as raparigas reféns».
Contactado pela TSF, Christophe Boulierac, da Unicef em Genebra, diz que «o que aconteceu é revoltante. Apelamos aos raptores para permitirem que estas raparigas regressem seguras às famílias. A nossa prioridade é que elas possam regressar a casa e estamos prontos para trabalhar com as autoridades da Nigéria para lhes dar a apoio psicológico e de outro tipo já que estas raparigas estão profundamente traumatizadas».
Christophe Boulierac sublinha ainda que «o relógio não pára e a experiência diz-nos que quanto mais as raparigas estiveram separadas das famílias maior é o risco que correm, incluindo exploração sexual, violência, serem vendidas para casamento, envolvidas nas piores formas de trabalho infantil ou recrutadas para grupos armados».
A Unicef está muito preocupada com os efeitos que estes raptos têm na educação já que a Nigéria é o país do mundo onde há mais crianças fora da escola. Há cerca de 10 milhões de crianças que não vão à escola. 60% delas estão na zona norte do país onde aconteceram estes raptos.
Num comentário a esta situação, o escritor nigeriano Wole Soyinka, Nobel da Literatura em 1986, numa entrevista à CNN, avisa que o BoKo Haram é uma ameaça para todo o mundo.
Wole Soyinka defende qu o mundo devia estar mais atento, a começar pelo presidente da Nigéria que deveria ter atuado há muito mais tempo.
O Nobel da Literatura, considerado por muitos como a consciência moral da Nigéria, lembra que não foi por falta de aviso que esta ameaça chegou agora a um patamar impossível de acreditar.