Várias empresas estrangeiras que exploram petróleo e gás em Moçambique têm encerrado a produção ou reduzido bastante para garantir a segurança de trabalhadores e instalações
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Moçambique tem reservas de combustíveis para cerca de um mês, adiantou este domingo o Governo, que acrescenta que o problema não é a falta deste recurso, mas sim a dificuldade que tem havido em fazer circular os camiões cisterna.
Os protestos pós-eleitorais têm dificultado a circulação de camiões cisterna, dando origem a longas filas de carros e pessoas com todo o tipo de recipientes junto às bombas de gasolina.
O Executivo moçambicano assegura, no entanto, que há reservas e que o problema está a ser resolvido. O ministro da Energia garante mesmo que não vale a pena ir para as filas de espera.
"Nós temos combustíveis para os próximos 30 a 23 dias. Não há nenhum constrangimento em termos de stock de combustível. O país combustíveis para garantir que a sua economia funcione nos próximos três a seis meses", sublinha o diretor nacional de hidrocarbonetos, Moisés Paulino.
Acrescenta ainda que, até agora, pelo menos uma centena de postos de combustíveis foram vandalizados nos protestos, mas a situação começa a recompor-se
"Desde que se iniciou este processo de violência e manifestações, já foram vandalizados cerca de cem postos de abastecimento. Foi daí que, depois de notarmos que as vandalizações estavam a acontecer e o setor privado estava reticente em voltar ao mercado, nas últimas 72h, chamamos as indústrias e as empresas gasolineiras para podermos fazermos um plano para perceber como podemos responder àquelas necessidades básicas que a economia tem de ter e as populações também", adianta.
Várias empresas estrangeiras que exploram petróleo e gás em Moçambique têm encerrado a produção ou reduzido bastante para garantir a segurança de trabalhadores e instalações. O problema afeta já, por exemplo, algum abastecimento também na vizinha África do Sul, que importa combustíveis de Moçambique.
Moçambique vive desde segunda-feira uma nova fase de tensão social, na sequência de protestos contra os resultados das eleições gerais que culminaram com confrontos entre manifestantes e a polícia.
O Conselho Constitucional (CC) proclamou na segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.
Este anúncio provocou novo caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane - que obteve apenas 24% dos votos - nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
Pelo menos 134 pessoas morreram desde segunda-feira nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique, elevando a 261 o total de óbitos desde 21 de outubro, e 573 baleados, segundo o último balanço feito pela plataforma eleitoral Decide.
