Ajudar quem não tem nada é o sentimento que move quem faz voluntariado. Esta é a história de uma médica que acaba de regressar de Dondo-Savane.
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"Moçambique vive dos despojos do primeiro mundo". O retrato é feito por Ana Filipa Neves, uma médica voluntária que passou a última semana na região de Dondo-Savane, no interior de Moçambique.
Não é a primeira vez que a voluntária dos Médicos do Mundo vai dar formação a profissionais de saúde no país. No ano passado, esteve num campo de reassentamento, pouco depois da destruição causa pelo ciclone Idai.
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Agora, nota alguns sinais de reconstrução, mas salienta que é uma "população que não tem nada, não tem sequer o que comer e vestir. É uma luta diária pela sobrevivência. Lutam para ter uma manga para comer, para ter farinha para dar aos filhos", afirma Ana Filipa Neves. "Moçambique vive dos despojos do primeiro mundo. Tudo o que tem foi porque alguém num outro país não quis", sublinha.
Sem meios para fazer exames de diagnóstico, sem máscaras em tempo de Covid-19, Ana Filipa relata as dificuldades de um trabalho "duríssimo", o desvendar de um mistério sobre hérnias umbilicais, que mostra como está sempre a aprender com a experiência de voluntariado.
Foi a paixão de ajudar o outro que levou a voluntária dos Médicos do Mundo a tirar férias para viajar para Moçambique, onde promete voltar. Porque regressa com a sensação de missão cumprida, mas ainda com muito trabalho por fazer.
"Só a paixão é que nos move", salienta Ana Filipa Neves. A paixão de dar sem nada querer receber.
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