“Modernização das Forças Armadas está em curso, mas não será de um dia para o outro”
Nuno Melo reconhece que “há problemas com a Lei de Programação Militar, que foi aprovada anteriormente”
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O ministro da Defesa, Nuno Melo, afirmou esta quarta-feira, em Bruxelas, à margem de uma reunião na NATO, que está a ser feito um esforço para “a modernização e reequipamento” das Forças Armadas, tendo em conta “o desinvestimento” ao longo dos anos, e reconhece que há um problema com a Lei de Programação Militar.
“Solicitei — coordenado pelo sr. chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas — que os três ramos [das Forças Armadas] auxiliassem a tutela naquilo que poderá ser o caminho para esse reequipamento, tendo em conta também, obviamente, a Lei de Programação Militar”, afirmou o ministro, sublinhando que “depois de tantos anos de desinvestimento (...) estamos a fazer um caminho, mas não se consegue de um dia para o outro”.
“Para mim, é importante garantir o reequipamento das Forças Armadas e a modernização através dos três ramos. E é importante também que o país perceba que, ao assumirmos este crescimento até 2% do Produto Interno Bruto para a Defesa, estamos também a assegurar melhores condições para esse reequipamento e modernização”, insistiu o ministro, admitindo, porém, a existência de “problemas”.
“A Lei de Programação Militar. É isso mesmo? É uma lei. Pronto. E há problemas com a Lei de Programação Militar, que foi aprovada anteriormente e que estão também identificados”, afirmou.
Nuno Melo respondia à TSF e ao DN, questionado em Bruxelas, em reação à entrevista com o Chefe do Estado-Maior do Exército, tendo também garantido que recentemente foi possível conter a saída de efetivos das Forças Armadas portuguesas.
“No caso do Exército, em agosto já se registavam mais 300 candidaturas do que no ano passado. A Força Aérea conta ter mais candidaturas este ano do que nos últimos dois anos. E, no caso da Marinha, já temos um balanço positivo entre as saídas e as entradas no ramo”, afirmou, lembrando que, em paralelo, Portugal assume o esforço de apoio à Ucrânia.
“Portugal já investiu na Ucrânia — porque é de um investimento que se trata — 134,4 milhões de euros e temos um compromisso de 221,6 milhões de euros, que cumpriremos até ao final do ano”, afirmou Nuno Melo, assumindo que ainda este ano haverá novas entregas a Kiev, em “equipamentos e noutras áreas”.
“Refiro-me a helicópteros, drones, ao recurso à nossa indústria, nomeadamente à indústria têxtil, e a ações de treino em várias áreas”, detalhou o ministro, destacando que, apesar do impacto da guerra e do apoio à Ucrânia, o problema da saída de efetivos parece estar resolvido.
“Depois de uma contínua perda de efetivos nas Forças Armadas, quando em 2015 outro governo tomou posse, havia perto de 30 mil militares. Quando tomei posse, eram cerca de 22 mil militares, e podemos afirmar que nos três ramos das Forças Armadas já notamos uma inversão dessa tendência”, sublinhou.