Montenegro: “Devemos aproveitar o nosso potencial para produção de armas e munições”
Luís Montenegro admite que o discurso sobre a produção de armamento pode ser impopular, mas defende a necessidade de uma pedagogia sobre a componente de dissuasão
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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, defende a produção em Portugal de equipamentos militares, incluindo “armas e munições”, embora reconheça que a medida possa “não ser tão popular”. No entanto, entende que Portugal deve aproveitar o movimento de reindustrialização da Europa e a necessidade de reforço da defesa europeia.
“Temos de — mesmo que às vezes isso possa não ser tão popular — dizer aos cidadãos europeus que, nesta altura, nesta conjuntura, se quiserem, naquilo que se perspetiva para os próximos anos, para termos isso tudo, precisamos de instrumentos de dissuasão e de promoção de segurança que implicam investimento”, afirmou o primeiro-ministro, em Budapeste, à margem da cimeira europeia.
“Eu sei que os cidadãos — e bem — estão hoje preocupados com muitas outras dimensões das suas vidas: ter um emprego, melhores salários, acesso a cuidados de saúde, professores nas escolas, acesso à habitação, maior mobilidade”, admitiu o primeiro-ministro, embora reconheça a necessidade de alguma “pedagogia”, considerando que deve ser dado espaço à indústria de defesa.
Neste aspeto, entende que a indústria em Portugal também participa no reforço da defesa europeia, incluindo com a produção de equipamentos específicos, “desde investigação, tecnologia, equipamentos como veículos não tripulados ou drones, como lhe quiser chamar, até do ponto de vista da indústria têxtil”, assim como “até armas e munições, devemos aproveitar o nosso potencial”.
“Eu sei que não estamos habituados, em Portugal, a falar disto com esta clareza, mas, se não se produzirem armas e munições em Portugal, por exemplo, vão ser produzidas noutro país da Europa e nós vamos pagar a sua aquisição, quer no âmbito da União Europeia, quer no âmbito da NATO”, sublinhou.
O primeiro-ministro considera que a produção de armas e munições e de outros equipamentos de defesa deve ser encarada como um contributo de Portugal para o esforço de dissuasão da Europa. “A política de dissuasão contra a violência, do ponto de vista das regras do direito internacional e do desrespeito pela integridade dos territórios, é, portanto, aquilo que, no fundo, está na origem das guerras e faz-se também com a demonstração da força”, afirmou, referindo-se ao aspeto dissuasivo do armamento de guerra.
A este nível, a na “Declaração de Budapeste”, os 27 defender referem a intenção de aumentar a prontidão e as capacidades de defesa da União Europeia, com um foco particular no fortalecimento da base tecnológica e industrial de defesa.
Além disso, assumem um compromisso para desenvolver opções de financiamento público e privado para apoiar essas capacidades, destacando o potencial da indústria espacial como uma área a ser explorada para aumentar a resiliência e competitividade da UE.
*Notícia atualizada às 18h04