Juan Carlos Varela, presidente do país, diz a morte do antigo ditador "encerra um capítulo da história" do Panamá e que a família de Noriega merece um enterro em paz.
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Manuel Noriega morreu esta terça-feira, aos 83 anos. O antigo ditador, que chegou ao poder nos anos 80 pela mão dos Estados Unidos, estava hospitalizado desde março, após uma cirurgia a um tumor cerebral.
A ligação de Manuel Noriega aos Estados Unidos datava dos anos 50. Na altura, o futuro general estudava ainda numa academia militar no Perú, quando terá sido recrutado como informador da CIA. Ao mesmo tempo que colaborava com os norte-americanos, começou a desempenhar um papel cada vez mais repressivo a nível interno, no Panamá.
Em 1981, o líder militar panamiano, Omar Torrijos, morreu num acidente de avião que nunca foi explicado. Quatro anos depois, em 1985, um dos principais rostos da oposição é encontrado morto. Estas situações fizeram crescer as desconfianças dos Estados Unidos em relação a Noriega, um mal-estar que viria a terminar com a operação "Causa Justa", em dezembro de 1989, quando George Bush deu ordem para invadir o Panamá com o objetivo de depor o general.
Noriega refugia-se na missão diplomática do Vaticano, mas acaba por render-se nos primeiros dias dos anos 90. A partir daqui seguem-se uma série de condenações na justiça. Nos Estados Unidos e em França, por tráfico de droga e lavagem de dinheiro, depois no Panamá, por assassínio, corrupção e desvio de dinheiro.
Em 2015, 25 depois da queda, com 77 anos, Manuel Noriega apareceu na televisão e, em curtas palavras, pediu desculpa. Um ato de contrição, disse o ditador, pensado com a família para por fim ao ciclo militar. Nesta declaração, Noriega fez ainda questão de sublinhar que, em alguns casos, foi condenado à revelia e sem qualquer interrogatório.
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Ainda hoje não se sabe ao certo quantas foram as vítimas de Manuel Noriega. O cenário mais otimista conta duas mil, mas há organizações que falam em mais de 7 mil.