O 41º Presidente dos norte-americanos morreu com 94 anos.
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Quem não se lembra da célebre frase "Read my lips. No more taxes"? Foi provavelmente esta promessa, que mais tarde George H. W. Bush teve de renegar em resposta à recessão económica, a vedar-lhe a reeleição em 1992.
Apesar disso, veio a criar e manter com Bill Clinton, o democrata que o derrotou, uma profunda amizade. A imprensa americana designou a relação de "paternal". Mas era também uma prova do caráter singular, moderado e afável de George H. W. Bush.
Apesar do mandato único como Presidente, Bush esteve duas décadas no círculo de poder da Casa Branca. Foi Presidente quatro anos, mas tinha-se preparado durante oito para o ofício, enquanto vice-presidente de Ronald Reagen. Antes, tinha sido indicado por Nixon para embaixador das Nações Unidas, e por Gerard Ford para diretor da CIA.
Uma carreira política longa, que se começou a desenhar desde que concorrera ao Senado pela primeira vez, em 1964, e desde que conseguira o feito de se tornar o primeiro republicano a representar Houston.
Texano orgulhoso, filho de Prescott Bush, um rico senador do Connecticut, George H. W. Bush teve toda uma vida antes da política. Na IIª Guerra Mundial serviu como piloto de aviação e participou em algumas das maiores batalhas do conflito.
Formado pela Universidade de Yale, fez carreira na indústria do petróleo, casou Barbara Pierce Bush (que morreu em abril deste ano) e teve seis filhos.
O mais conhecido deles, foi também Presidente dos EUA. E, sim, ao contrário do pai, George W. Bush, filho, cumpriu os dois mandatos. Ainda houve um ensaio para uma terceira presidência Bush, quando em 2006, Jeb Bush, antigo governador da Florida, também se lançou na corrida presidencial. Falhou.
Bush pai, como era conhecido pelos norte-americanos, ocupou a Sala Oval durante o período final da Guerra Fria. Foi durante a sua presidência que caiu o Muro de Berlim e recomeçaram as relações diplomáticas com o antigo bloco soviético. O Tratado para a Redução de Armamento, assinado com Mikhail Gorbachev, deu o empurrão necessário.
George H. W. Bush teve a sua grande vitória militar com a Operação Tempestade no Deserto, a intervenção que expulsou Saddam Hussein do Kuwait. Mas deixou uma ponta solta, que o filho viria mais tarde a optar por resolver com a invasão do Iraque e a deposição de Hussein, depois dos atentados do 11 de setembro de 2011. Circulou sempre a versão que Bush filho se referia a Saddam como "o tipo que tentou matar o meu pai".
Depois de abandonar a presidência, e para celebrar os seus 75 anos, resolveu saltar de paraquedas sobre o Arizona, cumprindo uma promessa antiga (vinda dos seus dias de piloto da Marinha) de saltar de um avião por puro prazer e não por dever. Depois disso, repetiu a proeza de cinco em cinco anos. Saltou pela última vez aos 90 anos.
Bush sofria de Parkinson, o que lhe afetou a mobilidade. Nas últimas aparições públicas, já se deslocava de cadeira de rodas. Numa carta que escreveu à família em 2012, reproduzida pela imprensa norte-americana, mostrava-se confiante de que ainda haveria tempo para a descoberta de um novo medicamente que pudesse atenuar as dores que sentia nas articulações, facilitar a mobilidade, recuperar a memória e afastar o seu medo de quedas nos rápidos.
Numa entrevista à sua neta, Jenna Bush Hager, no programa "Today" da NBC, admitiu que "Envelhecer não é mau. É melhor do que a alternativa, que é não estar cá."