"Ele é, de certa maneira, a História de Israel." Morreu o escritor israelita Amos Oz
Amos Oz morreu aos 79 anos, vítima de cancro. Para além de escritor foi co-fundador do movimento pacifista Paz Agora.
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O autor israelita, Amos Oz, morreu esta sexta-feira, aos 79 anos, devido a um cancro. A notícia foi avançada pela filha do autor no Twitter.
"Obrigada àqueles que o amavam", pode ler-se na mensagem da filha Fania Oz-Salzberger.
À TSF, a escritora Esther Mucznik lembra um homem apaixonado pelo seu país.
"Ele foi o fundador daquele movimento Paz Agora, em Israel. É um homem cujo amor a Israel é, sem a mínima reserva, um amor absoluto. Ele é, de certa maneira, a História de Israel. Ele é, e sempre foi até ao fim, sionista profundo. Inclusivamente, foi publicado agora um livro "Caros fanáticos", em que ele fala também de Israel e onde ele diz 'este país é um país complexo, cheio de tensões, mas é o meu país e eu não o trocaria por nenhum outro'"
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Amoz Oz entendia que o conflito israelo-palestiniano devia ser resolvido através dos argumentos e do diálogo e não através da guerra. O editor da Leya Pedro Sobral lembra que o escritor israelita defendia a existência dos dois Estados - Israel e a Palestina - e faz notar como a obra de Amoz Oz refletia a luta pela paz através da palavra.
"Eu penso que a escrita era a sua grande arma. Os livros eram uma forma de passar a mensagem que ele considera que era relevantíssima: que a conversação, que o diálogo, eram capazes de resolver os conflitos mais intrincados e mais complexos."
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A Organização Não Governamental "Paz Agora" tem como objetivo lutar pela pacificação interna e externa de Israel através da conciliação com os palestinianos e vizinhos árabes, uma missão que transparece na obra literária de Amos Oz.
Professor de Literatura a Universidade Ben-Gurion, nascido em Jerusalém, em 1939, formou-se em filosofia e literatura. Ao longo de mais de 50 anos, escreveu uma vasta obra entre romances e ensaios, traduzidos em mais de trinta línguas.
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Em setembro deste ano, foi editado em Portugal o livro "Caros Fanáticos", um conjunto de três ensaios sobre "fé fanatismo e convivência no século XXI". Este livro junta-se a outros publicados em Portugal, tais como "A Caixa Negra", "Não Chames Noite à Noite", "Uma Pantera na Cave", "O Mesmo Mar", "Uma História de Amor e Trevas" e "Judas".
O livro "Judas" valeu-lhe, em 2016, o Prémio Yasnaya Polyana, criado pelo Museu Leo Tolstoi, o mais importante galardão literário russo. A este prémio, Amos Oz somou outros, como o Fémina, o da paz dos livreiros alemães, o Goethe e o príncipe das Astúrias.