O lendário cantor de jazz e pop morreu aos 96 anos.
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O cantor norte-americano Tony Bennett, conhecido pelas suas atuações com cantores como Frank Sinatra e Lady Gaga, por ter vendido milhões de discos em todo o mundo e vencido mais de 20 Grammys, morreu aos 96 anos esta sexta-feira de manhã, avança a imprensa internacional.
A morte do cantor, que tinha sido diagnosticado com Alzheimer em 2016, foi confirmada à agência de notícias norte-americana Associated Press pela agente Sylvia Weiner.
A forma como encarou a doença foi um dos traços de Bennett mais apreciados pelo público, que frequentemente o ouvia dizer: "A vida é um presente - mesmo com a doença de Alzheimer".
Tony Bennett ficou famoso no início dos anos 1950 com sucessos como "Because of you", tendo relançado a sua carreira a partir de meados dos anos 1990, com duetos com figuras pop, destacando-se mais recentemente duetos com Amy Winehouse e Lady Gaga.
A par de Sinatra, Perry Como e Dean Martin, Tony Bennett é apontado com um dos mais importantes cantores norte-americanos de origem italiana, que dominaram o panorama musical norte-americano durante décadas.
Bennett ganhou o seu primeiro Grammy com a música de 1962, I Left My Heart in San Francisco, e quase 60 anos depois, em 2022, conquistou o 20.º - com 95 anos.
O cantor este em Portugal várias vezes e foi numa dessas visitas que Tony Bennett participou num dos programas de Herman José, que o lembra como "um tipo absolutamente encantador".
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"Um dos meus maiores desgostos é que ele pinta - desenha lindamente - e pegou num livro dele e desenhou a minha imagem no livro e ofereceu-me como presente. Foi das poucas coisas que me roubaram no estúdio", lamenta, em declarações à TSF.
Herman José confessa que com Bennett não teve "coragem" de se "aventurar", não tendo por isso pedido para fazerem um dueto. No entanto, o artista destaca a "generosidade e simpatia" do cantor norte-americano.
Tony Bennett foi também uma referência no jazz no início da carreira de Maria João Grancha, que "talvez por ser mais velha", fala num misto de emoções após o anúncio desta sexta-feira. Se por um lado fica "sempre triste", por outro, a cantora portuguesa prefere "celebrar a vida e a obra" do norte-americano.
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"Uma pessoa que partiu com 96 anos, depois de tudo o que fez, toda a música que deixou, toda a alegria que deixou e criou nas pessoas, eu acho que prefiro a celebração, a sua vida, a sua obra. E ir ouvi-lo outra vez", sublinha à TSF.
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A artista recorda-o como um homem que "manteve a frescura", apesar da sua idade avançada, e destaca o quão "bonito" é ouvi-lo.
Filho de imigrantes italianos, Anthony Dominick Benedetto nasceu em 1926, em Nova Iorque, onde acabaria por morrer e foi descoberto para a música, em 1949, pelo comediante norte-americano Bob Hope.
Ao longo da carreira, venceu 18 prémios Grammy, incluindo um de Carreira em 2011, e venceu mais de 50 milhões de discos em todo o mundo.
O cantor atuou algumas vezes em Portugal, as últimas das quais em 2003, nos casinos do Estoril e da Póvoa de Varzim. Há também registo de concertos de Tony Bennett em Portugal em 1988 e em 1998.
A última aparição pública de Tony Bennett aconteceu em agosto de 2021, no espetáculo com Lady Gaga "One Last Time", no Radio Music City Hall, em Nova Iorque, dois meses antes da edição do segundo álbum que gravou com a cantora, "Love for Sale", que seria o último da sua carreira.
Tony Bennett passou também pela Sétima Arte, tendo-se estreado no cinema em 1966 no filme "Sucesso sem escrúpulos", de Russell Rouse. Mais tarde voltou ao cinema, mas a fazer de si próprio, em filmes como "Uma questão de nervos", de Harold Ramis, e "Bruce, o todo poderoso", de Tom Shadyac.
Aos 64 anos, foi transformado num desenho animado da série "The Simpsons" e, aos 82, teve uma participação na série "A vedeta", da HBO.
Entre as parcerias que destacou na sua carreira, está o encontro com o pianista de jazz Bill Evans (1929-1980), que resultou em algumas sessões ao vivo e nos discos "The Tony Bennett Bill Evans Album", de 1975, e "Together Again", de 1977, nos quais interpretaram clássicos em duo como "Some Other Time", de Leonard Bernstein, Betty Comden e Adolph Green, "Waltz for Debby", do próprio Bill Evans com Gene Lees, e "Days of Wine and Roses", de Henry Mancini e Johnny Mercer.
Em 2017, numa entrevista à revista digital JazzWax, de Marc Myers, Tony Bennett lembrou a parceria e o modo como o trabalho com Bill Evans o marcou. Recordou então um diálogo com o pianista, antes de um concerto, quando este lhe disse "apenas interessava seguir a verdade e a beleza" da música e "ficar por aí".
"Segui o conselho de Bill [Evans] e pensei nas suas palavras durante todo o concerto. Ainda hoje penso no que ele me disse naquela noite, antes de seguir em frente."