O cineasta franco-suíço tinha 91 anos.
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Morreu esta terça-feira o realizador Jean-Luc Godard, figura icónica da Nouvelle Vague, o movimento que revolucionou o cinema nos anos 1950 e 1960. Tinha 91 anos.
A notícia está a ser avançada pelo jornal francês Liberation. E comunicado, a família revela que o cineasta morreu de "tranquilamente" na sua casa na pequena cidade de Rolle, na Suíça, na companhia dos seus entes queridos.
Jean-Luc Godard, nascido a 3 de dezembro de 1930 na região de Île-de-France, é considerado um dos realizadores mais radicais e disruptivos da História do cinema, conhecido por clássicos como "O Acossado" (a sua primeira longa-metragem, em 1960), "O Desprezo" (1963), com Brigitte Bardot, e "Pedro, o Louco" (1965).
Em declarações à TSF, o produtor Paulo Branco descreve o realizador como uma grande influência para várias gerações: "Jean-Luc Godard é alguém a que todos nós, que trabalhamos no cinema nos últimos 60 anos, lhe devemos tudo."
"Foi ele o primeiro que libertou a linguagem cinematográfica. Era o que mais compreendia e mais admirava a linguagem clássica no cinema e foi ele que, de uma certa maneira, deu a liberdade ao cinema" em todo o mundo, fazendo com que todo o cinema moderno se tenha modificado radicalmente, "saindo dos cânones habituais".
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Também António Preto, diretor da Casa Manoel de Oliveira, recorda Godard como "uma figura incontornável do cinema do século XX".
"Foi alguém que levou o cinema, em permanência, aos limites daquilo que se foi entendendo como cinema, procurando 'contaminações' com outros campos", como a televisão e outros formatos. "Foi um grande inventor de formas" e autor de "uma obra monumental" que deixa como legado "uma deontologia do cinema".
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Cineasta da "Nova Vaga", expressão associada ao amor livre, a revolução sexual e as novas posições políticas e sociais que marcaram o maio de 68, foi polémico em Portugal nos anos 1980 devido à projeção de "Je vous salue, Marie", que mereceu grande mobilização de parte das instituições católicas.
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Entre os seus filmes mais recentes destacam-se "Filme Socialismo" (2010) e "Adeus à Linguagem" (2014).
Godard teve uma longa e premiada carreira, tendo vencido o galardão de melhor realizador, em Berlim, por "O Acossado", até um Óscar honorário, entregue em 2010 numa cerimónia à qual não compareceu. Nove dos seus filmes estiveram em seleções oficiais do Festival de Cannes e seis nas de Veneza.
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