Mortes, fraudes e desistências. Eleições no Bangladesh marcadas por irregularidades
Pelo menos dezanove pessoas morreram este domingo no Bangladesh, no dia em que o país decide quem vai liderar o país nos próximos anos. Os votos estão já a ser contados, mas os resultados desta votação marcada por suspeitas de fraude só devem ser conhecidos na segunda-feira.
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Mais de 40 candidatos às eleições do Bangladesh retiraram-se, depois das denúncias de manipulação dos votos. As urnas já fecharam e a comissão eleitoral garante que já está a investigar as denúncias, depois do dia de votação ter ficado marcado pela morte de pelo menos dezanove pessoas e muitas queixas dos eleitores.
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São vários os relatos de eleitores impedidos de entrar nas assembleias de voto e sempre com o mesmo argumento: não precisam de entrar, porque já votaram.
É o que conta à agência Reuters um jornalista que recusou dar o nome por medo de represálias. O jornalista diz que foi barrado à entrada por elementos do partido no poder e conta que o avisaram - a ele e a outros cinco votantes - para se manterem fora da assembleia de voto. O caso aconteceu em Chittagong, a segunda maior cidade do Bangladesh, que fica a mais de 200 quilómetros da capital, Daca.
Um homem de 34 anos conta que cerca de 30 pessoas o impediram de se chegar à mesa onde iria votar e garante que, pelo menos, uma das pessoas envolvidas era um ativista do partido da primeira-ministra.
O terceiro caso conhecido, também em Chittagong, é o de um taxista que tentou ir votar, mas voltou para trás, porque elementos do partido no poder lhes disseram que, afinal, ele e a família, já tinham votado.
São irregularidades como estas que a comissão eleitoral está a investigar. Um porta-voz admitiu que têm chegado queixas um pouco de todo o país e que, se a fraude ficar provada, vão ser tomadas medidas.
No início do mês, a chefe do governo prometeu uma eleição livre e justa e garantiu que não iria usar meios desleais para continuar no poder.
Os votos estão já a ser contados, mas os resultados só devem ser conhecidos na segunda-feira. As sondagens apontam como favorita a atual primeira-ministra, Sheik Hasina, que está no poder há dez anos. Se for reeleita, vai cumprir um quarto mandato, o terceiro consecutivo, o que é um recorde no Bangladesh.