As declarações do porta-voz do Kremlin surgem após o caso que está a provocar polémica na Ucrânia e que gerou na terça-feira à noite protestos em várias cidades ucranianas, os maiores desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022
Corpo do artigo
A Rússia recorreu esta quarta-feira à ironia para comentar a polémica relacionada com uma lei aprovada no parlamento da Ucrânia que limita a autonomia das agências anticorrupção que funcionavam de forma independente.
“A corrupção é um tema candente para Kiev”, comentou o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dimitry Peskov, referindo-se ao caso que está a provocar polémica na Ucrânia e que gerou na terça-feira à noite protestos em várias cidades ucranianas, os maiores desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022.
No entanto, Peskov preferiu não aprofundar muito mais o assunto, salientando apenas que “tudo o que acontece com a subordinação” de qualquer departamento governamental de Kiev “é um assunto interno da Ucrânia”, referindo-se à perda de poderes destas duas agências, que passam a depender da Procuradoria-Geral que, por sua vez, está sob a tutela do Presidente ucraniano.
Na terça-feira, o parlamento ucraniano aprovou uma lei que reduz a autonomia do Gabinete Nacional Anticorrupção (NABU) e do Gabinete Especializado Anticorrupção (SAPO), na sequência da detenção de um ex-deputado e de vários funcionários de uma dessas organizações.
Os dois departamentos foram envolvidos numa alegada fuga de documentos secretos para os serviços de segurança russos, ação atribuída a um ex-deputado, Fedor Khristenko, que já foi acusado de alta traição.
No mesmo dia, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, promulgou a lei que justificou pela "ingerência russa" e pela falta de resultados.
Ainda na terça-feira, a Comissão Europeia manifestou uma "séria preocupação" com a lei aprovada, referindo que as agências são "cruciais" para a adesão da Ucrânia ao bloco comunitário.