O procurador especial que investigou durante dois anos a interferência russa nas presidenciais norte-americanas de 2016 não tem dúvidas que Moscovo tentou influenciar o ato eleitoral.
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O procurador especial Robert Mueller demitiu-se, dando por concluída a investigação à interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas, que colocaram Donald Trump na Casa Branca.
Numa conferência de imprensa, Mueller reiterou o que tinha escrito no relatório que entregou à justiça mas sublinhou que tinha poucos poderes para acusar Trump. "Se tivéssemos a certeza que o Presidente não cometeu um crime, tínhamos dito de forma clara", referiu, admitindo que se rege pelas regras do Departamento de Justiça.
"Um Presidente não pode ser acusado enquanto ocupa o cargo. É inconstitucional e não era uma opção que poderíamos considerar", afirmou.
Um Presidente não pode ser acusado enquanto ocupa o cargo. É inconstitucional e não era uma opção que poderíamos considerar
O antigo diretor do FBI não tem dúvidas que "oficiais da inteligência militar russa lançaram um ataque concertado ao sistema político" norte-americano, com o objetivo de "interferir na eleição e prejudicar um candidato à presidência".
https://www.tsf.pt/internacional/interior/robert-mueller-iliba-trump-de-ligacoes-a-russia-10719926.html
Mueller acusa Rússia
"Roubaram informações privadas e divulgaram os documentos através de identidades online falsas e através da organização Wikileaks", acusou Mueller. Com a conclusão da investigação, o procurador especial anunciou a sua demissão do Departamento de Justiça, avisando que espera não falar mais sobre o caso.
Entretanto, o Presidente já comentou as palavras de Muller. Trump disse no Twitter que este é um "caso encerrado".
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O Presidente norte-americano tem vindo a afirmar que a sua campanha foi vítima de espionagem, embora os serviços secretos insistam que agiram de acordo com a lei.
Apesar de Mueller não ter encontrado nenhuma prova sobre o alegado conluio, o relatório documentou extensos esforços de Moscovo para interferir na campanha de 2016 e a disposição por parte de pessoas próximas de Trump em aceitar a ajuda russa.
Congresso quer ouvir Mueller
Mueller já fez saber que, caso seja intimado a ir ao Congresso testemunhar, não dirá mais do que aquilo que já escreveu no relatório de 448 páginas. Assim, o procurador envia um sinal aos Democratas de que não lhes providenciará dados que possam levar a um impeachment de Trump.
"Para além do que disse aqui hoje e do que está incluído no nosso trabalho escrito, não acredita que seja apropriado falar mais", disse Mueller.
O senador democrata e chefe do Comité de Inteligência do Senado, Mark Warner, já fez saber que o Congresso considera importante ouvir Mueller. Também o número dois dos democratas, Steny Hoyer, diz acreditar que o agora ex-procurador deve testemunhar.
O presidente do Comité Judicial da Câmara dos Representantes, Jerry Nadler, acredita que Mueller demonstrou "claramente" que Trump está a mentir e não afasta, para já, a hipótese de um impeachment. "Todas as opções estão em cima da mesa", admitiu.
Questionado sobre se intimaria Mueller a depor, Nadler disse que o ex-procurador já disse aos representantes "muito do que precisavam de ouvir".
Notícia atualizada às 19h20