"Muito desagradável." EUA estão a "pressionar a vítima e não o agressor" nas negociações para a paz na Ucrânia
Em declarações à TSF, o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal defende que Donald Trump não tem falado com o homólogo ucraniano "da mesma maneira" que fala com Vladimir Putin
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A Associação dos Ucranianos em Portugal defende que os Estados Unidos da América (EUA) estão a "pressionar a vítima e não o agressor" nas negociações para a paz na Ucrânia.
As declarações de Pavlo Sadokha surgem um dia depois do Presidente norte-americano ter anunciado a suspensão da ajuda militar ao país ucraniano, argumentando que precisa de ter a "garantia" de que o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, está "comprometido" com uma solução para o conflito. A decisão da Administração Trump surge após a visita de Volodymyr Zelensky à Casa Branca na passada sexta-feira, que se transformou num confronto verbal quando Donald Trump e o seu vice-presidente, JD Vance, acusaram o líder ucraniano de não estar grato pela ajuda norte-americana e de recusar conversações de paz.
Em declarações à TSF, o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal rejeita, contudo, esse entendimento e assegura que Zelensky "sempre mostrou gratidão". Reconhece ainda a importância da ajuda norte-americana, "que foi muito forte", e permitiu travar a invasão russa em vários territórios do país.
Pavlo Sadokha nota, ainda assim, que o chefe de Estado dos EUA não tem falado com o homólogo ucraniano "da mesma maneira" que fala com Vladimir Putin.
"Ele não pressiona a Rússia e não sabemos que tipo de negociações e conversações tem com a Rússia. Mas estamos a ver que ele está a pressionar o Presidente Zelensky. Está a pressionar a vítima e não o agressor e isto parece-nos muito desagradável", confessa.
O líder da associação afirma, por isso, que o país tem de "tomar medidas" para se defender, ainda que as alternativas ao apoio dos EUA sejam escassas.
"A alternativa ao apoio dos Estados Unidos era o apoio da União Europeia, que também sabemos que já se reuniu em Londres. Tivemos depois declarações de Von der Leyen sobre o apoio à Ucrânia, mas isso não está ainda certo", sublinha.
Lembra, contudo, que a Ucrânia precisa de se defender "já" e, por isso, deve ser autónoma na busca pela manutenção da integridade dos territórios, até porque está a ser "bombardeada" diariamente.
"Todos os dias morrem civis na Ucrânia", nota.
