"Muito triste." Cheias em Luanda causam "consequências graves", e a chuva vai continuar a cair
Há pelo menos 14 mortos e oito mil desalojados após as chuvas torrenciais em Luanda. Paulo Gomes, jornalista da Rádio Mais, na capital angolana, refere que o país está a enfrentar consequências penosas. Santos Silva assegura que até ao momento não há notícia de portugueses afetados pelas cheias.
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Catorze mortos e oito mil desalojados. É este o balanço provisório das chuvas torrenciais que estiveram na origem das cheias em Luanda. A Proteção Civil angolana descreve um cenário caótico, com mais de 1600 casas inundadas e a queda de uma ponte.
Há ainda registo de vários edifícios que ruíram e de muitas vias intransitáveis. Mas o pior ainda pode estar para vir, já que estão previstas chuvas intensas até sábado na capital de Angola. Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, adiantou à TSF não ter até ao momento notícia de portugueses afetados pelas cheias. O governante lamenta o ocorrido e garante que vai falar com a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, que termina esta terça-feira a visita a Angola.
Paulo Gomes, jornalista da Rádio Mais, em Luanda, contou à TSF que os estragos provocados pela chuva das últimas horas já são bem visíveis. "Já trouxe consequências bastante graves, sobretudo para as zonas da periferia de Luanda, onde as construções são precárias, as linhas de água normalmente estão cortadas por construções anárquicas e há também muito lixo acumulado que impede a circulação das águas fluviais", descreve.
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O jornalista confirma ainda que 14 ou 15 pessoas morreram, algumas eletrocutadas e outras presas aos seus veículos em locais em que as águas atingiram alturas muito elevadas e abriram-se crateras não visíveis. Como estas, há ainda mais histórias "muito tristes": duas crianças morreram numa vala de macrodrenagem, colhidas por uma corrente muito forte de água.
Até ao dia 21 de abril, os serviços de meteorologia continuam a prever chuva intensa e trovoadas.
Secretária de Estado em Angola
A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, que está esta terça-feira em Luanda, diz que o pior já terá passado e não tem notícia de portugueses afetados pelas cheias. "Aqui, no consulado, até ao momento não houve qualquer pedido de ajuda, não temos conhecimento de portugueses que tenham sido diretamente afetados. Ontem o consulado não pôde funcionar a 100% porque as pessoas tiveram dificuldade para em vir trabalhar, mas hoje a circulação já está normalizada, já se circula normalmente."
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A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas termina esta terça-feira uma visita de cinco dias a Angola. Berta Nunes sublinha que os dois países têm uma relação de cooperação muito positiva e destaca a educação como umas das áreas a merecer especial atenção. "Foi-nos pedido para termos uma atenção especial. A tutela é a do Ministério da Educação, mas vamos registando as informações e mensagens para, em conjunto, podermos trabalhar melhor."
Berta Nunes dá exemplos: "Em Benguela era muito necessário termos uma escola portuguesa." Está em marcha um "processo de reforço da língua e de formação de professores".
A governante também afirma que a comunidade portuguesa está integrada em Angola, e que chegará a Portugal com alguns dos pedidos sobre o que pode ser melhorado. "Foram-nos feitos alguns pedidos de facilitação de documentos, ligação a Portugal, no âmbito da Segurança Social, no âmbito das cartas de condução..."
Trata-se, como reforça Berta Nunes, de um trabalho muito transversal dentro do Governo, articulado com os diferentes ministérios.
Esta terça-feira a secretária de Estado está em Luanda, onde visitará o consulado-geral de Portugal e o Camões, Centro Cultural Português.