"Muitos na oposição querem maior pressão europeia sobre Orbán, mas são os húngaros que têm, internamente, de mudar o regime"
Um é jornalista, outro é investigador e analista. Um faz parte dos media independentes húngaros, sem qualquer apoio estatal, outro trabalha a partir de Viena. Ambos críticos do regime de Viktor Orbán, abordam o impacto do polémico primeiro-ministro no próprio país e na UE no semestre em que preside ao conselho da UE.
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Neste semestre da presidência do Conselho da União Europeia há um elefante na sala: Viktor Orbán. Depois de ter ido a Moscovo falar com Putin, sem mandato dos outros 26 do Conselho Europeu, o Parlamento não o convidou para apresentar as linhas mestras da Presidência húngara. Em Estrasburgo, à margem da sessão plenária do novo Parlamento Europeu, a TSF foi à procura de explicações.
O jornalista Martin Bukovics, autor da newsletter "Gemist", um projeto dos fundadores e autores do extinto site húngaro Azonnali, não acredita que a ausência de Orbán tenha provocado grande impacto na opinião pública da Hungria. "Não foi um grande problema. Na verdade, os meios de comunicação social amigos do Governo venderam isto de forma habitual, como se fosse um cordão sanitário contra nós. Somos deputados europeus democraticamente eleitos, governos, e estão a ignorar-nos, e isso não é normal. Ou seja, evitaram a questão como é habitual com Orbán", explica à TSF Martin Bukovics.
Fonte da presidência do Parlamento Europeu confirmou à TSF que o Parlamento decidiu mesmo retaliar contra as recentes iniciativas de Orbán e aproveitou o pretexto das votações desta semana para não agendar um debate com a Presidência húngara. Péter Techet, investigador húngaro do Instituto para a Região do Danúbio e Europa Central em Viena, Áustria, refere que dificilmente será a União Europeia a conseguir uma mudança de tipo de governo na Hungria.
"Muitos membros da oposição esperam sempre que a União Europeia seja mais forte contra Orbán, mas é claro que podemos ver que, talvez, haja alguns procedimentos, como o artigo 7.º, contra Orbán, mas sem qualquer resultado. É por isso que Péter Magyar diz que os húngaros têm de mudar o regime na Hungria. E, para atingir este objetivo, está a utilizar, de alguma forma, até narrativas orbanianas ou semi-orbanianas", considera, exemplificando: "Ele está a dizer que é muito importante defender a soberania nacional, mesmo contra o possível super-Estado da União Europeia. Mas está a tentar reformular esta narrativa orbaniana, dizendo que, sim, temos de defender a soberania, não apenas contra a União Europeia, mas também contra a máfia de Viktor Orbán."
É pela direita, também, que ganha terreno a oposição a Viktor Orbán, na Hungria.