Begoña Gómez comparece esta manhã no Tribunal de Plaza Castilla, de Madrid, para prestar declarações perante o juiz
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Begoña Gómez, mulher de Pedro Sánchez, depõe esta sexta-feira em tribunal por um suposto delito de tráfico de influências. O caso vem desde abril, quando o sindicato de extrema-direita Manos Limpias apresentou uma denúncia baseada em notícias publicadas em vários meios de comunicação, algumas das quais eram falsas, como o próprio sindicato reconheceu.
Begoña Gómez vai declarar no tribunal de Plaza Castilla, em Madrid, às 10h00, e só então vai ficar a conhecer os delitos de que é acusada. É a primeira vez que a mulher de um presidente do Governo espanhol é chamada a tribunal para declarar.
A esposa do presidente do Governo espanhol pediu para que a sua declaração seja gravada só em áudio, devido à utilização que se poderia fazer da sua imagem, no caso dessas imagens serem filtradas, pedido a que o juiz acedeu.
Begoña Gómez vai também entrar no tribunal pela garagem, e ser poupada, desta forma, ao tradicional passeio a pé para aceder ao edifício. As autoridades consideraram que a segurança de Begoña Gómez poderia estar em causa, até porque a organização ultracatólica Hazte Oír tinha convocado uma manifestação contra a esposa de Pedro Sánchez às portas do tribunal.
O caso é caricato, já que, além da própria organização Manos Limpias ter admitido que a sua denúncia poderia estar baseada em notícias falsas, há um relatório da Guardia Civil que assegura não ter encontrado qualquer indício de delito nas ações da esposa de Sánchez. No entanto, o juiz decidiu continuar com o processo e chamar Begoña Gómez a declarar.
O assunto tem sido aproveitado pela oposição, sobretudo pelo Partido Popular, que é quem mais tem atacado Pedro Sánchez. “O presidente do Governo não deu uma única explicação. O único que fez foi atacar constantemente os juízes, os meios de comunicação e e atacar a oposição política pela análise que faz do tema”, disse a secretária geral do PP, Cuca Gamarra.
A deputada popular foi ainda mais longe e afirmou que Begoña Gómez se “aproveitou da condição de mulher do presidente do Governo” para “conseguir determinados acessos a empresas e fundos”.
Em entrevista à Cadena Ser, no início da semana, Pedro Sánchez voltou a garantir que não há nada que possa ser imputado à sua mulher a nível legal ou ético. “Tenho absoluta tranquilidade e confiança porque não há nada”, começou por dizer, para sublinhar que tudo faz parte de “uma estratégia judicial de perseguição deste governo ou a mim, como presidente do Governo, por defender aquilo que defendo”.
Recorde-se que, em finais de abril, Sánchez ameaçou deixar o cargo de presidente de governo pelas acusações feitas a Begoña Gómez. Na altura, Sánchez acusou a oposição de ter posto a funcionar a máquina do lodo e de ultrapassar todos os limites para tentar derrubar um governo eleito de forma legítima.
Numa carta publicada na rede social X, Sánchez acusou a direita e a extrema-direita de “não aceitarem os resultados eleitorais de julho” e de terem passado “do ataque político ao pessoal” para acabarem com aquilo que ele representa, “um governo progressista, baseado na justiça social, no crescimento económico e na regeneração democrática”.
