"Mundo completamente diferente." Regresso de Trump à Casa Branca representa "mudança substancial"
Em declarações à TSF, Henrique Burnay, professor no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, considera que estamos a entrar numa nova era e refere que "a Europa tem de ser mais responsável e menos ingénua"
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Donald Trump regressa, esta segunda-feira, à Casa Branca. Henrique Burnay, professor no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, prevê grandes mudanças não só nos EUA, mas em todo o mundo. Em declarações à TSF, o especialista considera que estamos a entrar numa nova era.
"É de esperar que haja grandes alterações no país e no mundo. Isso significa que nos Estados Unidos - e a Presidência de Trump é um exemplo claríssimo disso - olha-se para o mundo e já não se pensa: 'Vamos proteger esta lógica do mundo globalizado, uma lógica do comércio razoavelmente livre, uma lógica de não protecionismo.' Pelo contrário, a atitude americana, com a Presidência de Biden já tivemos um pouco disso, mas, neste momento, é protecionista e não estamos para carregar o custo dos nossos aliados. Isso é uma mudança substancial, isto é um mundo completamente diferente", explica à TSF Henrique Burnay, sublinhando que a Europa tem de ser "mais responsável e menos ingénua".
"A Europa precisa de existir, o que não é um exercício fácil por duas razões. Primeiro, porque é uma construção de Estados e não é muito fácil que 27 Estados olhem para o mundo da mesma maneira. E, por outro lado, há uma dificuldade acrescida: nos últimos anos, as eleições têm reforçado os soberanistas e os nacionalistas", refere o professor.
Henrique Burnay fala ainda de "um modo de sobrevivência". "A Europa precisa de ser mais responsável por si e menos ingénua, isto é, perceber que há uma linguagem de poder mais forte. Tudo isso só se faz com uma economia que tenha força. Portanto, o nosso maior problema é económico", acrescenta.
Donald Trump toma esta segunda-feira posse como o 47.º Presidente norte-americano, numa cerimónia em Washington marcada pela presença de políticos internacionais populistas e de extrema-direita, mas com escassos responsáveis governamentais e sem líderes da União Europeia (UE).
O momento marcará o regresso à Casa Branca do político republicano, que venceu a vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, nas eleições presidenciais norte-americanas de 5 de novembro, depois de um primeiro mandato (2017-2021) e de ter falhado a reeleição, face à vitória de Joe Biden.