O tema não está na agenda da cimeira, mas não é certo que o presidente sul-coreano ignore as famílias separadas pela guerra. Para muitos coreanos no Norte e no Sul esta cimeira representa a última hipótese que têm de saber o que aconteceu aos familiares.
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Em 1953, milhares de pessoas viram-se do lado errado da fronteira. Há 65 anos, no final da guerra que dividiu a Coreia em dois países, foram muitos os que ficaram separados dos pais, irmãos, filhos e outros familiares. A maioria tem hoje entre os 80 e os 90 anos e são a lembrança do elevado custo humano da realidade na península.
Desde 2000, as duas Coreias já realizaram cerca de 20 reencontros familiares, mas apenas quando o relacionamento entre os dois países atravessava uma boa fase. No Sul, as pessoas foram escolhidas através de sorteio; no Norte, foi o regime que as selecionou.
Os encontros abrangeram uma pequena minoria dos que querem saber se os familiares ainda estão vivos.
Essas reuniões realizaram-se sempre na Coreia do Norte e as famílias só foram autorizadas a passar algumas horas juntas e sempre com a presença de um controlador norte-coreano.
O atual presidente Moon Jae-in conhece bem a angústia de quem anseia por reencontrar a família. Filho de dois norte-coreanos que fugiram durante a guerra, acompanhou a mãe em 2004 quando ela foi sorteada para rever a irmã. Aos 51 anos, conheceu a tia pela primeira vez e nunca mais a viu.
Números oficiais de Seul indicam que, desde 1988, só no Sul mais de 130 mil pessoas se registaram como fazendo parte de famílias separadas. Desde essa altura, mais de 73.600 morreram. Um quarto dos que estão vivos têm mais de 90 anos.