Os visados são acusados de "graves violações dos Direitos Humanos".
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O Reino Unido impôs hoje sanções a três generais birmaneses por "graves violações dos Direitos Humanos" na sequência do recente golpe militar em Myanmar, enquanto Washington, ao lado de outros três países, pediu um regresso "urgente" da democracia.
As sanções britânicas, que entram em vigor de imediato, visam o ministro da Defesa, Mya Tun Oo, o ministro do Interior, Soe Htut, e o vice-ministro do Interior, Than Hlaing.
Os três generais são responsabilizados pelo Reino Unido por "graves violações dos Direitos Humanos" cometidas pelos militares de Myanmar (antiga Birmânia) e pelas forças policiais do país.
"Os militares e a polícia de Myanmar cometeram graves violações dos Direitos Humanos, incluindo a violação do direito à vida, do direito à liberdade de reunião, do direito a não ser sujeito a prisão ou detenção arbitrária, e do direito à liberdade de expressão", anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico num comunicado, numa referência aos acontecimentos relacionados com o golpe de Estado militar ocorrido em 01 de fevereiro no território birmanês.
Nesse sentido, Londres decidiu impor o congelamento imediato dos ativos detidos pelos três generais no Reino Unido, bem como decretou que estes responsáveis estão proibidos de viajar para o território britânico.
Mas as sanções britânicas, que foram tomadas em conjunto com o Canadá (país que também anunciou hoje ações contra o regime birmanês), também preveem medidas para impedir que empresas do Reino Unido trabalhem com o exército birmanês e medidas que garantam que a ajuda atribuída por Londres, por exemplo através de programas para apoiar reformas em Myanmar, "não seja desviada dos mais vulneráveis para o governo militar".
"O Reino Unido condena o golpe militar e a detenção arbitrária de Aung San Suu Kyi e de outras figuras políticas", indicou o chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, citado no mesmo comunicado.
E reforçou: "Ao lado dos nossos aliados internacionais, iremos responsabilizar os militares de Myanmar pelas suas violações dos Direitos Humanos e iremos procurar obter a justiça para o povo de Myanmar".
No mesmo comunicado, Londres referiu que estas novas medidas sancionatórias se juntam às ações que já foram tomadas pelas autoridades britânicas contra outras 16 figuras do exército birmanês.
Também hoje os Estados Unidos da América (EUA), Índia, Japão e Austrália uniram as vozes para pedir um regresso "urgente" da democracia em Myanmar.
Os principais responsáveis da diplomacia dos quatro países, hoje reunidos para conversações no âmbito da aliança QUAD (Diálogo de Segurança Quadrilateral), acordaram uma declaração conjunta com tal pedido, segundo anunciou o Departamento de Estado norte-americano.
Durante as conversações, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, abordou "a necessidade urgente de restaurar o governo democraticamente eleito em Myanmar e a prioridade de reforçar a resiliência democrática na região a uma escala mais alargada", indicou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.
Em 01 de fevereiro, o exército prendeu a chefe do governo civil birmanês, Aung San Suu Kyi, o Presidente Win Myint e vários ministros e dirigentes do partido governamental, proclamando o estado de emergência e colocando no poder um grupo de generais.
O golpe militar, que recebeu a condenação de vários países e organizações internacionais, pôs fim a uma frágil transição democrática de 10 anos.
Na terça-feira, o exército birmanês justificou novamente a revolta militar com a alegada fraude eleitoral nas eleições legislativas de novembro passado, bem como reiterou a promessa de que se irão realizar novas eleições e irá entregar o poder ao vencedor, no prazo de um ano.
Desde o golpe militar, sucessivos protestos contra a atuação dos militares têm ocorrido em várias cidades de Myanmar, manifestações que têm sido fortemente reprimidas pelas forças de segurança.