Os preparativos para as eleições na antiga Birmânia estão a ser ultimados, um dia antes da votação histórica que poderá dar a vitória à formação da opositora Aung San Suu Kyi, após décadas de regime militar. Ana Gomes, da delegação de observadores europeus, diz que há uma grande expectativa em torno do resultado.
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A Liga Nacional para a Democracia (LND) - partido da também laureada com o prémio Nobel da Paz - é apontada como prestes a emergir como a maior força no parlamento, um resultado que a ocorrer, iria alterar a cena política d e Myanmar (antiga Birmânia), que tem sido dominada pelos militares desde a independência do país.
O Presidente Thein Sein, um antigo general que tem levado a cabo reformas no país desde o fim da governação da junta, em 2011, insiste que o seu governo vai respeitar o resultado das eleições.
As autoridades informatizaram os cadernos eleitorais pela primeira vez, algo que é referido como um esforço para garantir eleições livres e justas no extenso e pobre país. Thein Sein também instou a população a ir votar.
Mas milhares de muçulmanos da etnia Rohingya, no estado ocidental de Rakhine foram marginalizados, enquanto as rebeliões étnicas também vão impedir a votação noutras áreas do país.
Observadores receiam que muitos eleitores - especialmente nos círculos eleitorais com grande número de trabalhadores migrantes - fiquem de fora dos cadernos de voto.
A população está também instintivamente cautelosa numa nação em que o exército tem repetidamente reagido às mudanças políticas com violência.
Ouvida pela TSF, a eurodeputada Ana Gomes, que lidera a delegação de observadores do Parlamento Europeu, diz que há uma grande expectativa em torno dos resultados.
Ainda assim, a eurodeputada lembra que "um dos principais problemas é a preparação institucional, ao nivel das formações políticas, em comparação com a estrutura institucional que é claramente dominante neste país, que é a militar".
Suu Kyi está impedida de ocupar o lugar de presidente por uma cláusula na constituição, que dita que qualquer pessoa casada com um estrangeiro ou com filhos com nacionalidade estrangeira não podem ser presidentes da Birmânia. Os seus filhos e falecido marido são britânicos.
A Birmânia foi governada durante meio século por junta militar, que reprimiu os movimentos pró-democracia, e fechou o país ao exterior com consequências sobre a economia, escreve a AFP.
Mas em 2011 os militares cederam o poder a um governo semi-civil, liderado por um antigo general, atual Presidente Thein Sein.
Uma série de reformas tem sido implementada, com a abertura ao exterior e a libertação de presos políticos, mas persistem as dúvidas quanto às intenções do governo.