Um ano depois das eleições gerais na Alemanha, que se realizaram a 24 de setembro de 2017, o governo de Angela Merkel está em crise. A região da Baviera vai a votos num novo teste para a chanceler. Portugueses residentes na região dizem de sua justiça.
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Se a economia parece não sofrer abanões, a política, na Alemanha, tem sido uma verdadeira montanha-russa. As eleições gerais aconteceram há um ano, o governo, novamente formado por uma grande coligação, tomou posse há seis meses e desde então foram vários os episódios que conturbaram a estabilidade governativa.
"Ninguém sabe se vai aguentar ou não, o SPD e a CDU-CSU parecem ter cada vez mais problemas por isso é difícil saber. Espero que aguente porque não há nada pior na política do que a queda de um governo. Eles têm de se manter e lutar para conseguir ficar os quatro anos", sublinha João Meira, a viver há 16 anos na Alemanha, na cidade de Miltenberg, no estado federado da Baviera.
Este bombeiro português, que vai acompanhando a situação política no país, vai votar nas próximas eleições regionais a 14 de outubro.
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A CSU, a União Democrata Cristã da Baviera, partido irmão da CDU de Merkel, tem estado no poder quase sempre (com a exceção do período entre "54 e "57) mas tem visto a popularidade cair. De acordo com as últimas sondagens, com vista ao próximo escrutínio, deverá rondar os 35 por cento das intenções de voto (nas eleições de 2013 ultrapassou os 47 por cento).
O partido conservador parece perder votos sobretudo para AfD, de extrema-direita, que deverá entrar pela primeira vez no parlamento regional com 10 a 14 por cento dos votos, de acordo com várias sondagens.
"Tenho receio que a AfD entre peça primeira vez no Landtag, não acho bem. Espero que a CSU ganhe. Se não for o suficiente para governar sozinha, se tiver que formar uma coligação, espero que não seja com o SPD", revela João Meira, que não esconde a vontade que a CSU continue no poder.
Isabel Lindner, tradutora e intérprete, concorda: "A CSU tem reforçado a segurança e o policiamento nas fronteiras e penso que isso é bom. A chanceler Angela Merkel deixou entrar os refugiados sem qualquer controlo."
Para esta portuguesa a viver em Sulzbach am Main há 4 anos, a escalada da extrema-direita na e o descontentamento dos alemães está diretamente ligado à entrada de um grande número de refugiados em 2015, mais de 900 mil.
"Já dei aulas de alemão aos refugiados, não querendo que me entendam como racista, porque não sou, mas há muitos refugiados que entram e não se querem adaptar. Isso é muito complicado. Eles têm, por exemplo, muito mais benefícios que os cidadãos europeus.", realça Isabel Lindner.
"Se há refugiados que não se adaptam, penso que não há que insistir em tê-los cá, não podem ficar para sempre. Mas concordo que devem ser ajudados.", confessa o português João Meira.
As eleições na Baviera, um dos 16 estados federados da Alemanha, estão marcadas para 14 de outubro.