A declaração de unilateral de independência da Catalunha pode ser uma questão de horas, de acordo com o que o governo autónomo tem feito crer, desde o referendo de 1 de outubro.
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Os movimentos independentistas estão a convocar manifestações ao longo do dia pela cidade de Barcelona. Algumas concentrações estão marcadas para as 18h, para a hora da declaração de Puigdemont, mas há movimentos que estão a apelar aos apoiantes da independência para se concentrarem em frente ao Parlamento, a partir das 6h.
A TSF percorreu as ruas de Barcelona para tentar perceber como se acompanha a contagem decrescente até àquele que pode ser um momento decisivo para o futuro da região. E, o que fica registado, são os apelos à moderação, numa altura em que o presidente do governo catalão já veio admitir que amanhã, a declaração de independência pode ser meramente simbólica.
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"O que peço é que haja diálogo", atira Jonathan, um catalão que, aos 68 anos, diz já ter visto que chegue neste jogo de nervos entre Rajoy e Puigdemont. A caminhar perto da Estación de Francia, onde terão início as manifestações desta terça-feira, apela aos governantes "que se sentem à mesa, que dialoguem (...) e que cedam, porque não é bom estar nesta tensão".
"Cada um olha [apenas] para dentro [e] o que há a fazer é olhar para fora. Que se deixem de uma situação que não leva a lado nenhum. Só a um lado desastroso", lamentou.
Assumindo-se como neutro, em relação ao dilema da Catalunha, por não ser "nem nacionalista, nem independentista", Saul Estandia, que deixou a Cantábria há poucos meses para viver na Catalunha, continua a "olhar de fora".
Acredita que ao anunciar uma declaração simbólica, pela independência, Carles Puigdemont pode estar apenas e mover-se no tabuleiro estratégico, "não mostrando todos os passos", para ganhar tempo. "Agora tem de mover as peças. (...) É um jogo como no xadrez.
Enquanto faz uma pausa, numa corrida noturna, nos jardins da Cidadela, em frente ao Parlamento catalão, Pau Jiménez diz que as ações do governo de Puigdemont são "todas sem qualquer garantia".
"Já vimos isso com o referendo (...) que não tinha qualquer valor", disse, considerando que o governo autónomo já avançou demais nas intenções independentistas e está na hora de abrandar a marcha.
"Tentem dialogar e tenham em conta que uma parte do povo catalão não está de acordo com as medidas que estão a tomar", afirmou. Já para Jonathan não faz falta apenas diálogo, é preciso que muito rapidamente se perceba que há questões por tratar, enquanto a independência é o assunto dominante
"Com todo este tema que temos em cima, estão a deixar-se os temas sociais de lado. A situação é muito Kafkiana, lamenta, classificando como "um bom sinal", a intensão de Carles Puigdemont de fazer uma declaração meramente simbólica. "Pode ser uma pequena luz, por traz do muro".