Na "convenção dos afetos", a grande expectativa do dia é "o primeiro grande discurso" de Tim Walz
O eurodeputado do PS Bruno Gonçalves está em Chicago a acompanhar a convenção e explica à TSF que está pensada para ir em crescendo até ao grande momento de Kamala Harris, que acontece na quinta-feira
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Durante toda a semana decorre a Convenção do Partido Democrata dos Estados Unidos da América, com especial destaque para a candidata a Presidente, Kamala Harris, e o candidato a vice-presidente, Tim Walz.
O eurodeputado socialista Bruno Gonçalves está em Chicago a acompanhar a convenção e, em declarações à TSF, não mostra qualquer dúvida sobre qual vai ser o ponto alto da noite.
"Nos outros dias eu conseguia apontar várias grandes expectativas. Hoje eu diria que há uma grande expectativa, como amanhã há uma grande expectativa. A de hoje é o discurso de Tim Walz. É o primeiro grande discurso dele, enquanto, agora sim, nomeado candidato a vice-presidente dos Estados Unidos da América pelo Partido Democrata. A primeira vez perante um grande público", considera Bruno Gonçalves.
O eurodeputado do PS espera "um grande momento": "Espera-se que seja um momento de revelação dele, seja do perfil dele, a história que contará. Ontem teve um grande apoio por parte dos Obama, sobretudo Barack Obama, e, portanto, a grande expectativa de toda a gente é perceber não aquilo que Tim Walz é, porque já o conhecem como governador, mas aquilo que Tim Walz tenha a apresentar ao país de visão enquanto vice-presidente. Nós temo-lo visto em campanha com Kamala e, portanto, há muita expectativa para perceber qual é a dinâmica do duo e este será o grande momento ou o primeiro dos dois grandes momentos desta Convenção."
Bruno Gonçalves explica que nos EUA a política faz-se com uma aura de espetáculo e tudo é pensado até ao mais ínfimo pormenor, sendo que esta convenção está a ser pensada para terminar com o momento de Kamala Harris.
"Com um crescendo e um crescendo ao milímetro. Há uma política de show. Aliás, qualquer pessoa que esteja neste momento na Convenção Democrata consegue entender isso claramente. Há um show que é montado em volta de todos os números políticos. O encadeamento tem sido muito bem preparado do ponto de vista, tanto dos números musicais, às intervenções políticas. O crescente é precisamente esse, ou seja, primeiramente, a saída muito digna de Joe Biden de cena, ainda que continue como Presidente e, como ele diz, com muito ainda para fazer. Depois o apoio de Michelle e Barack Obama, passando pelos discursos, por exemplo, de Alexandria Ocasio-Cortez ou Bernie Sanders, que representam hoje também uma voz muito própria e importante dentro do Partido Democrata. E hoje entramos já na fase da formalização, mas do discurso de futuro, ou seja, o primeiro do vice-presidente para o futuro e amanhã da nomeada para Presidente, Kamala Harris", refere o socialista.
Bruno Gonçalves não tem dúvidas da intenção da convenção democrata e até tem um adjetivo para lhe dar.
"Eu consigo já dizer com alguma precisão que esta tem sido a convenção do afeto, ou seja, muito mais do que apenas montar um discurso anti-Trump e anti-Republicanos, o Partido Democrata está a tentar verdadeiramente demonstrar primeiro a parte afetiva de empatia da política, que é possível fazer tanto com Tim Walz, como Kamala Haris, reconhecendo os problemas e os desafios que enfrentam neste momento, mas sobretudo apontando respostas de uma forma muito positiva", argumenta.
E dá o discurso de Barack Obama como exemplo: "Mais do que afrontar Donald Trump, o discurso de Barack Obama foi sobretudo para os indecisos, para aqueles que não sabem se vão votar e segundo, para aqueles que, sabendo que vão votar, não sabem se votarão nos Democratas ou nos Republicanos. Tanto do ponto de vista programático, como do ponto de vista do discurso, Barack Obama tentou fazer ontem aquilo que esta Convenção tenta fazer, que é, por um lado, motivar os militantes do Partido Democrata e, em segundo lugar, não excluir aqueles que ainda podem votar no Partido Democrata, tendo um discurso muito sóbrio sobre curar a nação, sarar a nação, da divisão que se sente hoje muito claramente fora da Convenção em qualquer parte dos Estados Unidos."
A Convenção do Partido Democrata começou na segunda-feira e termina na quinta-feira.