Um acidente com quinze mortos, a burocracia, a corrupção e um descontentamento estudantil como não se via há 25 anos. A Sérvia, um país em ebulição, conhece este uma nova grande manifestação na cidade de Nis. Será um PREC na Sérvia? A TSF falou com um dos porta-vozes de um movimento que não para de crescer
Corpo do artigo
No primeiro dia de novembro de 2024, houve um acidente com o telhado da estação de comboios da cidade de Novi Sad, a segunda maior do país, capital da região da Vojvodina. O acidente fez 15 mortos e, desde então, colocou em causa o Governo e o Presidente Aleksandar Vucic, que têm sido bastante contestados. As investigações oficiais são inconclusivas. Seguiram-se protestos todas semanas, alguns enormes, alguns pequenos em pequenas aldeias, uma norva forma de organização política e social parece estar em formação. A TSF falou com um dos porta-vozes do movimento. Conhecemos-lhe o nome, o curso, a cidade onde mora, mas, por razões de segurança e de no movimento não quererem protagonismos individuais, vai aqui ser apenas identificado como Estudante Sérvio. Este sábado há uma grande manifestação na cidade de Nis, no centro-sul do país.
Os estadantes que estão a organizar estas manifestações e protestos, sentem-se como se fossem uma espécie de OTPOR, o movimento estudantil que foi fundamental para o derrube de Slobodan Milosevic (5/10/2000), sentem-se o OTPOR do século XXI?
A verdade é que a diferença entre estes protestos e todos os anteriores é que estes protestos não são partidários. São políticos, porque todas as formas de protesto são políticas, mas não contactámos com nenhuma opção política. Não estamos a falar de um novo governo, oficialmente, a partir da posição oficial dos estudantes. O que se passa é que, se os protestos forem bem sucedidos, é provável que, oficiosamente, isso conduza a um novo governo. Mas, para já, os estudantes disseram que se trata de um assunto de estudantes, que não estamos a fazer política, temos as nossas reivindicações muito concretas e é tudo. Só queremos que as exigências sejam satisfeitas.
Mas o Primeiro-Ministro demitiu-se e os protestos não pararam, não acha que a demissão do Primeiro-Ministro era suficiente?
Essa não era uma das quatro exigências, não. Isso não tem nada a ver com o que estamos a protestar. Além disso, devo dizer-vos que ele ainda é o primeiro-ministro. Acabou de anunciar a sua demissão, mas não se demitiu.
Então, antes de mais, quais são as quatro exigências?
Portanto, a primeira exigência é a publicação da documentação completa sobre a reconstrução da estação de comboios de Novi Sad. Essa é a primeira exigência, com todos os papéis, todas as licenças, tudo o que faz parte da documentação de um edifício que está a ser reconstruído. A segunda é a libertação de todos os estudantes, professores e manifestantes que foram presos por protestarem. Porque antes destes protestos estudantis, houve alguns protestos civis no final de novembro. Nessas manifestações, foram detidas muitas pessoas por supostamente terem atirado pedras à Câmara Municipal. A Câmara Municipal foi danificada, Isso é verdade, mas nenhum dos estudantes fez isso. Foram alguns hooligans mascarados que, muito provavelmente, foram enviados pelo governo. Portanto, sim, essa é a segunda exigência.
A terceira exigência é o oposto da segunda. Trata-se de prender quem quer que tenha atacado os estudantes, porque houve mais de 50 incidentes em que as pessoas entraram na vigília dos 15 minutos de silêncio e bateram nos estudantes ou atropelaram-nos com carros, e ficaram sempre impunes. Ninguém foi preso por isso. E, por último, a quarta exigência é aumentar o orçamento da Sérvia para as universidades em 20%. São estas as quatro exigências. Diria que são muito concretas.
Relativamente à terceira exigência, tem alguma pista ou sugestão de que os espancamentos possam ser organizados pelo Estado?
É o que acontece na Sérvia. Quase tudo o que acontece relacionado com as eleições ou com o Estado, sabemos que é organizado pelo Estado. É um facto conhecido, mas ninguém o pode provar, porque eles escondem-no. Mandam uns mascarados, uns hooligans, batem nos estudantes e depois fogem. Como é que se pode provar especificamente que isso foi ordenado pelo Estado? Mas sim, é. Ninguém faria isso por sua própria vontade. Mas de facto, desta vez há algumas provas concretas, porque o primeiro incidente que deu início ao bloqueio da universidade foi o espancamento dos estudantes da Faculdade de Teatro. E a pessoa específica disse: “Tenho uma filha no meu carro, vocês são uns vândalos, tenho de passar, estão a bloquear a rua, deixem-me passar, por favor. Depois, dirigiu-se a um dos estudantes e começou a dar-lhe pontapés e a bater-lhe. Essa pessoa é o presidente do município de Novi Belgrad, e não foi detido, nem sequer abandonou o seu cargo. Há um vídeo, é ele, toda a gente sabe que é ele. Foi interrogado na polícia e depois libertado.
Ele é do SNS, o partido progressista sérvio, o partido do presidente e do governo?
Sim, todas as pessoas envolvidas no vídeo são do SNS e apresentaram-se como acidentais, sabe, transeuntes. Disseram simplesmente: “Preciso de ir para ali. A minha filha está doente, está na escola, preciso de passar e vocês estão a bloquear a rua. É sempre a mesma história. Quando os estudantes bloqueiam a rua, há sempre alguém a dizer, oh, meu Deus, tenho um funeral, tenho uma coisa para fazer. E todas essas pessoas são, de facto, do partido SNS e não têm nada para fazer.
Falou de reivindicações muito, muito concretas. Mas algumas pessoas que estão a escrever sobre estes protestos, por exemplo, eu estava a ler, creio que é uma romancista e ensaísta sérvia, Sasha Safanovic, uma autora de não-ficção. Escreveu no site da Al Jazeera que, nos últimos três meses, um novo modelo de governação das instituições e da sociedade tem vindo a tomar forma. Pode explicar-nos um pouco melhor isto?
Sim, é especificamente a forma como organizamos os protestos: o plenum, o plenário. É uma forma de organização da Grécia clássica, a forma mais pura de democracia direta.Assim, por exemplo, vou dar um exemplo da minha faculdade. O plenário é uma espécie de sessão do Parlamento, só que não há ninguém que o dirija. Toda a gente tem a mesma quantidade de poder. E nos últimos três meses, todas as universidades e, recentemente, muitas outras instituições entraram em plenumocracia. Assim, os plenários tornaram-se a principal forma de governação, pelo menos a nível estudantil. Por exemplo, somos 300 e temos a agenda diária, como lhe chamam. Votamos numa coisa e depois os moderadores do plenário dizem: “Muito bem, estão a favor, estão contra, estão a abster-se? E depois contam os votos e pronto. É assim que funciona. Os moderadores são trocados todos os dias e não são chamados pelo nome. Ninguém diz o seu nome completo e apelido. Por isso, não há hipótese de alguém entrar numa viagem ou vertigem de poder. É pura democracia. Por isso, juntamo-nos e votamos. Isso acontece a nível local, nas universidades. E há um grande plenário chamado mega plenário, que reúne todos os estudantes das universidades de arte.
E há outro grande plenário, que é um conselho de todos os delegados. E cada faculdade envia dois delegados ao conselho todas as semanas, mas esses delegados são trocados todas as semanas e ninguém se apresenta com nome e apelido; simplesmente vão lá, obtêm a informação e devolvem-na a nós. Por isso, não há forma de alguém se manter efetivamente no poder. É essa a diferença entre as anteriores formas de parlamento estudantil. Peço desculpa por estar a demorar tanto tempo, mas tenho de vos explicar como funcionava o parlamento estudantil antes disto: tínhamos mandatos de quatro anos. Em quatro anos, um estudante pode acabar a universidade, pode mudar de universidade, pode mudar de mestrado, pode simplesmente desistir, pode ter um filho e um emprego. Por isso, quatro anos é demasiado. Quatro anos ou dois anos, consoante o parlamento. Continua a ser demasiado. Portanto, a diferença entre isso e o plenum é que o plenum é apenas a vontade do povo transformada num sistema. Não é algo que dê poder a ninguém. Essa é a diferença entre a democracia direta e a democracia electiva.
Têm recebido algum apoio dos professores e dos reitores?
Sim, a reitora da faculdade de Letras é a primeira em todos os protestos. Marcha à nossa frente e à frente de todos os professores. Eu diria que, a nível universitário, mais de 90% dos professores são apoiantes. A nível do ensino secundário, serão cerca de 80%. E a nível do ensino básico, serão provavelmente cerca de 75, 80% dos professores, porque as condições para os educadores na Sérvia não têm sido óptimas. Mesmo antes dos protestos, eles também estavam a protestar paralelamente a nós. Foi por isso que apresentámos a quarta exigência, porque mé algo que beneficia diretamente os professores. Um aumento de 20% no financiamento do ensino superior reverteria diretamente a favor dos professores e da direção das universidades.
O protesto estendeu-se de Novi Sad e Belgrado a outras cidades, como Kragujevac, etc…
Devo dizer-vos que, desde há dois dias, literalmente todos os municípios da Sérvia tiveram pelo menos um protesto. Isto nunca aconteceu na história do país. Todas as aldeias, como uma aldeia de 300 pessoas, protestaram. Cada aldeia, cada cidade, cada vila, cada subúrbio protestou.
E os protestos são semanais ou diários?
Depende. Como lhe disse, temos o conselho de todos os delegados e o mega plenário e são eles que votam as acções. Temos grupos de trabalho, todos os professores e os dois mega plenários têm grupos de trabalho. Assim, o grupo de trabalho para a estratégia reúne-se todos os dias e propõe novas acções, que depois envia para o plenário e nós votamos se queremos ou não realizá-las. Por isso, eu diria que temos os grandes protestos de duas em duas semanas ou algo do género e temos pequenos protestos todos os dias. Há protestos todos os dias. O próximo grande protesto será no dia 1 de março e espera-se que tenha mais de 200 mil pessoas.
Tanto quanto sei, conseguiram um apoio popular muito alargado às vossas exigências. Li que cerca de 80% dos cidadãos sérvios apoiam as vossas reivindicações. Mas essas exigências são muito concretas. Onde é que acha que isto nos vai levar? Onde é o fim do caminho?
É uma boa pergunta porque toda a gente a faz. Estamos agora numa fase em que as pessoas estão a ficar assustadas porque, sabe, estamos a entrar em março, os alunos não estudam desde dezembro, desde o dia 1 de dezembro. Provavelmente, vamos acabar por perder um ano. Quer dizer, não há maneira de, realisticamente, recuperarmos tudo, fazermos tudo. Isso é o que acontece com os alunos. Por isso, a questão das exigências, porque vos disse que isto é diferente, é que não haverá OTPOR. Teoricamente, poderíamos ter parado o protesto no dia 2 de dezembro se as exigências tivessem sido satisfeitas em 24 horas. As exigências são muito concretas, não mudaram. O governo continua a dizer que as exigências estão a mudar todas as semanas, mas isso não é verdade. Foram publicadas no dia 4 de dezembro e mantiveram-se inalteradas desde então. Além disso, disseram seis vezes diferentes que tinham efetivamente cumprido todas as exigências, o que também não é verdade. O que se passa é que o cumprimento da primeira exigência é uma espécie de paradoxo para o governo, porque se virmos a documentação completa sobre a reconstrução da estação ferroviária, teremos provas concretas de corrupção, porque o projeto era demasiado caro e, obviamente, não foi feito de acordo com as normas. E foi também uma das arquitectas que testemunhou num julgamento, que disse que não tinha nada a ver com a reconstrução e que todos os seus e-mails foram redireccionados diretamente para o gabinete do presidente Aleksandar Vucic.
Portanto, se isso fosse provado em tribunal, teríamos então uma base jurídica para, pela primeira vez, processar o Presidente, porque sabemos muitas coisas oficiosamente, mas agora, oficialmente, teríamos o pretexto. Então, onde é que isto vai dar? Penso que o partido no poder está muito assustado, porque agora as pessoas estão a protestar, como disse, em todas as cidades, estão nas ruas todos os dias. E também o SNS tem estas reuniões em que pagam às pessoas para irem, mandam-nas para os autocarros, dão-lhes 50, 100, 150 euros.
E isto está provado, isto é conhecido. E da última vez mal conseguiram reunir 14.000 pessoas. E no dia anterior, em Kragujevac havia cerca de 150.000 pessoas a protestar gratuitamente. Na verdade, nem sequer de graça, tiveram de pagar o alojamento, tiveram de pagar o autocarro para lá e para cá. Mas eles, no governo, nem sequer conseguiram reunir 14.000 pessoas, dando-lhes 50 ou 100 euros. Por isso, estão assustados, sabem que este é o povo, a primeira vez que o povo está realmente a protestar.
E não podem cumprir as exigências todas por causa da primeira exigência. Por isso, estamos um pouco presos num paradoxo. Mas nos últimos três dias, se me permitem elaborar esta parte, nos últimos três dias, a situação mudou um pouco. Porque a maior parte dos protestos dos últimos três meses foram liderados por estudantes. Mas houve protestos de cidadãos nos últimos três, quatro, cinco dias. E estes estão a tornar-se violentos. Estão a atirar pedras e ovos à polícia e tentaram entrar no Parlamento. Por isso, Vucic chamou a polícia. E agora estamos à espera que as coisas se tornem um pouco mais violentas contra os cidadãos, não contra os estudantes.
Se tocarem noutro estudante, acho que está feito. Agora veremos o que vai acontecer. Vucic costumava dizer que queria eleições, mas agora deixou de o dizer. Porque acho que mesmo nas próximas eleições, eles não vão conseguir roubar como fizeram nas anteriores. E quanto a derrubar o governo, isso é impossível. Porque, antes de mais, os estudantes não querem isso. Nunca falámos sobre isso. Em segundo lugar, a polícia e os militares estão do lado dele. Por isso, sim, não sei onde é que isto vai parar. Mas veremos em Nis. E depois disso, acho que vai haver um grande protesto em Belgrado depois de Nis. No sábado dia 1 de março, vou ser segurança no protesto.
E agora com outros sectores a responder aos protestos, a Ordem dos Advogados da Sérvia suspendeu o trabalho dos seus advogados durante um mês. Os trabalhadores do sector cultural, a empresa de transportes públicos de Belgrado. A situação está a alargar-se…
Sim. Até os taxistas. Recentemente, foram os taxistas que suspenderam o trabalho. O que se passa é que, quando os estudantes fizeram uma marcha, eu estava lá, de Belgrado para Novi Sad. E pode imaginar a distância que é. São quase 90 quilómetros. Depois, os milhares e milhares de taxistas de Belgrado ofereceram-se para ir buscar os estudantes que estavam a protestar e levá-los de volta a Belgrado de graça. E assim, eles apanharam boleia. Havia uma coluna, como se diz, de 15 quilómetros? Sim, uma coluna de carros de 15 quilómetros. E foram para Novi Sad. Apanharam os estudantes e voltaram para Belgrado. E depois as associações de táxis disseram, oh, vamos suspender-vos. Vamos despedir-vos. E estão a fazê-lo. Estão a fazê-lo. Eu vivo numa cidade pequena. Não é assim tão pequena. Fica exatamente à mesma distância de Belgrado e de Novi Sad. Portanto, fica a nordeste, perto da Roménia. De qualquer forma, o que eu queria dizer é que os estudantes da minha cidade marcharam até Novi Sad, que fica a mais de 100 quilómetros, e os taxistas da cidade foram buscá-los. E esta manhã, 26 motoristas foram despedidos, bem como as pessoas da cidade que os apoiaram abertamente. Portanto, começaram efetivamente a repressão. Começaram a despedir pessoas. Mas sim, os táxis apoiaram-nos. A indústria farmacêutica também nos está a apoiar.
Na verdade, não a indústria, mas os trabalhadores. Muitos profissionais de saúde, veteranos de guerra, quase todas as associações de veteranos de guerra estiveram lá, especialmente a 51ª Brigada de Pára-quedistas. Sim, os famosos “Barretes Vermelhos”. E, sabe, há pessoas de todos os sectores da vida. De facto, quando houve os 15 minutos de silêncio no protesto violento que mencionei há dois ou três dias, quando danificaram a Câmara Municipal, um dos polícias baixou o seu escudo e o seu capacete durante os 15 minutos de silêncio. E hoje descobrimos que ele também foi despedido. Por isso, temos recebido apoio de muitos grupos diferentes. Mas sim, o mais importante são os agricultores e os trabalhadores agrícolas, têm-nos apoiado desde o primeiro dia.
Portanto, é uma espécie de conflito entre a sociedade e o Estado?
Sim, eu diria que sim. Mas, mesmo assim, aquilo que disse, 80% das pessoas apoiam-nos, talvez. Mas penso que esse é um estudo tendencioso, porque o SNS ainda tem muitos fiéis. Têm muitos eleitores e pessoas a quem foi feita uma lavagem cerebral. A Sérvia tem cinco televisões estatais. Todas elas transmitem propaganda do SNS. Por isso, quem não tem dinheiro para a televisão por cabo, o que acontece com quase dois milhões de pessoas na Sérvia, só pode ouvir a propaganda do SNS.
Não se vê um político da oposição. Não se vê nada sobre os protestos. E sentamo-nos em frente à televisão e eles continuam a dizer-nos, oh, a Rússia está a ganhar a guerra. Oh, o Trump está a salvar o mundo. Oh, o SNS é o melhor partido de sempre. É algo como a Coreia do Norte.
Está a contar a Pink TV e a Happy TV, que oficialmente são privadas, como televisões estatais…
Sim, porque temos cinco. Quando digo televisão estatal, quero dizer que, se não tivermos televisão por cabo, basta pagar a televisão estatal, que é obrigatória, e de qualquer forma, toda a gente paga, não se pode optar por não a pagar. Logo, temos cinco canais. O RTS1, o RTS2 (os verdadeiramente estatais), o Pink, o Happy e a Primeira. E todas essas televisões são propriedade do Estado. Cada uma delas.
Ou de pessoas do partido, mesmo que sejam formalmente pessoas privadas…
Sim, sim. Extraoficialmente. Sim, especificamente a Pink e a Happy, são um nível completamente diferente de mau.
Já li sobre isso. Não mudou muito desde Milosevic, de facto.
Sim, tenho a certeza de que, como conheces assim tanto da Sérvia, deves ter ouvido falar da Pink TV. A diretora da secção árabe da minha universidade, a filha dela foi morta pelo filho de Zeljko Mitrovic, o dono da Pink, e ele nunca esteve um único dia na prisão. A questão é esta. Se estiveres ligado ao Estado, podes fazer qualquer coisa na Sérvia.
Até se pode atropelar alguém a 120 quilómetros por hora e depois dizer: “Ah, não a vi. Ela estava a passar os sinais vermelhos e depois apagamos as imagens do cruzamento. Por isso, sim, é assim que acontece.
Li que ontem a polícia sérvia fez uma rusga às instalações de quatro ONG, no âmbito de uma investigação do Ministério Público de Belgrado, por alegada utilização indevida de dinheiro recebido da USAID. É um tipo de ação que não nos surpreenderia se estivéssemos na Rússia ou na Bielorrússia, mas na Sérvia? Ou acha que é mais ou menos a mesma coisa?
Não, é apenas teatro. Ninguém vai ganhar nada com isso. Só querem assustar as pessoas. A razão pela qual isto está a acontecer, tenho a certeza que ouviu que Trump disse que muitos dos fundos que têm dado à USAID não têm ido para lado nenhum e vão para os bolsos das pessoas. Portanto, esta é apenas uma forma de Vucic apaziguar Trump, de lhe fazer um favor. Ele está agora a dizer, oh sim, nós ouvimos-te, estamos a fazer o que dizes. Porque se Trump não tivesse mencionado isso, isto não teria acontecido.
De facto, a antiga primeira-ministra e atual chefe de governo, Anna Brnovic, tem trabalhado com a USAID durante mais de metade da sua vida. Vucic também tem trabalhado com a USAID. Além disso, o ministro da Educação também. Por isso, só agora é que estão a tentar processá-los. Não tem nada a ver, é apenas teatro. Tal como todas as detenções que estão a acontecer, a polícia tem o controlo total do Estado e faz tudo o que Vucic lhes diz. É apenas uma forma de nos assustar.