Na situação atual "é quase impossível" levar ajuda até Gaza. OMS pede pausa humanitária
Tedros Ghebreyesus sublinha que a "saída forçada, nestas circunstâncias, iria pôr em risco a vida de milhares de pacientes".
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou esta quinta-feira a uma pausa humanitária no conflito entre Israel e o Hamas, para que os palestinianos possam ter acesso a cuidados de saúde e ajuda humanitária, salientando que, nas condições atuais, esse objetivo é "quase impossível".
"A OMS vai fazer que o que estiver ao seu alcance para garantir que todas as pessoas em Gaza têm acesso a cuidados de saúde, que salvam vidas, e ajuda humanitária. Na situação atual, isto é quase impossível. No mínimo, precisamos uma pausa humanitária no conflito e, idealmente, um cessar-fogo", aponta o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, numa conferência de imprensa.
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Tedros Ghebreyesus lamenta, ainda, a morte de mais de 10 mil pessoas, desde o ataque "horrífico" do Hamas contra Israel, acrescentando que estas incluem "mais de 850 mortos em Gaza e 140 em Israel", sendo que, em ambos os lados, "70% são mulheres e crianças".
O diretor-geral da OMS considera que a situação em Gaza é "indescritível", denunciando que os hospitais que ainda funcionam estão sobrelotados, nas morgues não há espaço para recolher todos os mortos e há centenas de cirurgias a serem realizadas sem qualquer tipo de anestesia, algo que considera ser "insustentável".
"A OMS verificou 237 ataques em centros de saúde, incluindo 218 nos territórios ocupado da Palestina e 19 em Israel. Ataques a centros de saúde são uma violação da lei humanitária internacional", sublinha.
Com a intensificação dos bombardeamentos e da ofensiva terrestre, as condições de vida são cada vez mais difíceis, um problema agravado também pelo facto de o sistema de esgotos não está a funcionar, fazendo aumentar o risco de doenças altamente transmissíveis.
Dos 36 hospitais existentes em Gaza, 14 já estão fora de serviço e os outros estão a ficar sem condições. Tedros Ghebreyesus diz que as escolhas impostas aos palestinianos
são impraticáveis.
"A saída forçada, nestas circunstâncias, iria pôr em risco a vida de milhares de pacientes, que já estão em risco de vida. Transportar um bebé que está nos cuidados intensivos já seria um perigo nos países mais ricos, fazê-lo em Gaza representa um risco para a vida de uma criança, cuja vida apenas começou. Fazer estas exigências coloca os doentes e os médicos numa situação impossível e, na maior parte dos casos, eles não têm para onde ir", destaca.
Tedros Ghebreyesus diz, por isso, que o "mínimo" a fazer é "uma pausa humanitária", mas, se nem isso for possível, ao menos a hipótese de serem abertos corredores humanitários com garantias de segurança para os médicos e voluntários que querem entrar em Gaza.