Numa das portas de um dos edifícios da Universidade de Nanterres, um pequeno cartaz ousa transportar o passado para o presente: "Maio de 68: eles comemoram, nós recomeçamos!"
Corpo do artigo
Se o Maio de 68 foi um terramoto provocado por várias causas, é difícil imaginar outra cronologia para aqueles dias que não tenha em Nanterres um dos epicentros de uma agitação estudantil que já vinha aquecendo em lume brando em várias universidades francesas, pelo menos desde o Outono de 67.
O movimento 22 de março, onde se destacaram Daniel Cohn-Bendit e Daniel Bensaïd, entre outros, aconteceu nesta cidade do início da periferia de Paris. Quando Nanterres é encerrada, a 2 de maio de 68, o protesto alastra definitivamente para a Sorbonne e para todo o Quartier Latin nos dias seguintes.
Em 2018, ainda que com uma amplitude que não é comparável, o movimento estudantil em Nanterres continua a ser um dos mais ativos em todo o país, numa onda de protestos dos últimos dois meses que, em diferentes momentos, já incluiu ocupações e bloqueios em cerca de uma quinzena de universidades francesas, com outros protestos de menor dimensão em muitas outras. Neste momento, há ainda alguns edifícios universitários ocupados ou outro tipo de protestos, em Nanterres, Paris, Rennes, Lyon, Marselha, Nice, Nantes e outras cidades, com várias épocas de exames suspensas ou adiadas. Os estudantes contestam uma proposta de lei que acusam de provocar um mecanismo de seleção discriminatório no acesso ao ensino superior.
Para o próximo fim de semana, 19 e 20 de maio, está marcado para Toulouse um encontro nacional dos líderes estudantis, que vai reconfirmar a adesão dos estudantes contestatários à greve da função pública convocada para o próximo dia 22 de maio e decidir novas formas de luta. Em maio, os representantes dos estudantes franceses já se tinham encontrado em Nanterres e foi nesse dia que a reportagem da TSF foi à faculdade ocupada naquele subúrbio de Paris.
TSF\audio\2018\05\noticias\17\maio_2018_maio_68_philipe