Jens Stoltenberg defende “partilha de encargos”, mas salienta que a Europa tem mais para oferecer à aliança do que uma mera percentagem do PIB.
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Os 32 membros da NATO assinalam esta quinta-feira a passagem dos 75 anos desde assinatura do Tratado do Atlântico Norte. Numa cerimónia em Bruxelas, perante o documento original, que pela primeira vez saiu de Washinton, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg afastou as ideias de ruptura da organização, dizendo que juntos, Europa e Estados Unidos, “são mais fortes e mais seguros”.
Jens Stoltenberg afirmou que os últimos anos têm sido marcados por um reforço sem precedentes da aliança política e militar, em particular, a partir de 2014 após “a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia”, considerando que se tratou de “um ponto de viragem”.
“Desde então, empreendemos o maior reforço da defesa colectiva em gerações. Hoje, a NATO é maior, mais forte e mais unida do que nunca”, vincou o secretário-geral da NATO. Stoltenberg apontou ainda a necessidade de mais investimento militar e que que a partilha de encargos é também uma responsabilidade do lado europeu.
“A Europa precisa da América para a sua segurança. É essencial uma partilha justa dos encargos e a Europa está a investir mais, muito mais. Este ano, a maioria dos aliados da NATO investirá pelo menos 2% do seu PIB na defesa”, sublinhou.
No entanto, Jens Stoltenberg salienta que a Europa tem mais para oferecer à aliança do que uma mera percentagem do PIB. “Os aliados europeus fornecem forças militares de classe mundial, vastas redes de informação e uma influência diplomática única, multiplicando o poder da América na NATO. Os Estados Unidos têm mais amigos e mais aliados do que qualquer outra grande potência”, enfatizou Jens Stoltenberg, considerando, por essa razão que “a América do Norte também precisa da Europa”.
Por isso, numa altura em que o futuro político dos Estados Unidos está por definir, com a possibilidade de um eventual regresso de Donlad Trump à Casa Branca poder fragilizar o laço transatlântico, Stoltenberg deixa um reparo: “não acredito na América sozinha, tal como não acredito na Europa sozinha”.
“Acredito na América e na Europa juntas na NATO, porque juntos somos mais fortes e mais seguros”, vincou Stoltenberg.
No início do seu discurso, o secretário-geral da NATO apontou as razões que levaram os primeiros 12 Estados a fundar Aliança Atlântica, lembrando que “nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, o medo de outra guerra devastadora era real”.
“Assim, neste dia [04 de Abril], em 1949, os Ministros dos Negócios Estrangeiros de doze países da Europa e da América do Norte reuniram-se para assinar o Tratado de Washington, para criar a nossa Aliança”.
“Ela manteve o nosso povo seguro durante os longos anos da Guerra Fria. Desde a Ponte Aérea de Berlim e a Crise dos Mísseis de Cuba até à queda do Muro de Berlim”, afirmou.
Ainda em jeito de balanço, Stoltenberg recordou que “quando a Guerra Fria terminou, a NATO ajudou a pôr fim a dois brutais conflitos étnicos nos Balcãs”.
“Em 2001, após os ataques de 11 de setembro, pela primeira vez, invocámos o Artigo 5 do Tratado de Washington, que afirma que um ataque a um Aliado é um ataque a todos”, destacou Stoltenberg, assinalando que “desde então a NATO tem estado na linha da frente na luta contra o terrorismo”.
Jens Stoltenberg que ainda este ano terminará a extensão do seu mandato, falou da sua experiência pessoal “em 1979”, quando serviu “no exército norueguês”.
“Se houvesse uma guerra, estaríamos na linha da frente, mas eu não tinha medo, porque sabia que não estávamos sozinhos, [uma vez que] tínhamos o poder da Aliança da NATO connosco”, lembrou o antigo militar, que hoje coordena os trabalhos da Aliança.