"Não há sistema bancário, não há comunicações." O testemunho de um português no Gabão
O Gabão ainda sente os efeitos da tentativa de golpe de estado que ocorreu esta segunda-feira. A TSF falou com um português que vive há quase 20 anos em Port-Gentil, a segunda maior cidade deste país da África Central.
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Militares do Gabão anunciaram na televisão pública que estava em curso um golpe de Estado, esta segunda-feira. Pouco depois, o porta-voz do governo deu a situação como controlada. Fausto Correia faz parte dos 40 portugueses que vivem neste país da África Central e conta à TSF que o regresso à normalidade está a ser lento, ainda com vários bloqueios.
"A cidade está quase toda bloqueada, não há sistema bancário, não há comunicações... Mas isto é uma situação que fica normalizada num dia ou dois. Ontem consegui fazer o meu trabalho normal, com algumas limitações, mas andei na rua. Era um dia diferente, muitos militares e polícias na rua, com as pessoas "perdidas" sem saberem o que ia acontecer."
Fausto Correia é empresário, diz que não pensa regressar a Portugal, mas confessa que vive com algum medo, porque o Gabão é um país politicamente imprevisível.
"É normal que sinta receio... Isto é calmo mas nunca sabemos de um momento para o outro o que pode acontecer. São situações políticas diferentes daquilo que estamos habituados na Europa, não podemos prever o que pode acontecer, mas para já está tudo calmo. Penso que foi a primeira que vez que houve uma tentativa de golpe de estado, mas situações criticas acontecem com alguma regularidade. Lembro-me que em 2017 estive 15 dias fechado em casa, mas a partir daí foi tudo tranquilo."
O Presidente do Gabão, no poder desde 2009, está fora do país desde outubro. Esta segunda-feira, fonte da secretaria de Estado das Comunidades dizia à TSF que não há informações de incidentes com qualquer cidadão português. O Ministério dos Negócios Estrangeiros está a acompanhar a situação no Gabão.