"Não podemos permitir que o Sudão impluda." Borrell alerta para consequências "em toda a África"
Josep Borrell defende uma solução negociada para pôr fim à guerra civil no Sudão.
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O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, alertou, esta segunda-feira, no Luxemburgo, para as consequências "em toda a África" caso não seja alcançada uma "solução política" que ponha termo à guerra civil no Sudão.
"O Sudão é um país com muita população", lembrou o Alto Representante da UE para a Política Externa, alertando que essa é uma das razões pelas quais a comunidade internacional "não pode permitir que [o país] impluda", pois "as ondas de choque seriam enviadas para toda África".
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"A comunidade internacional, no seu conjunto, deve exercer toda a pressão de ambos os lados para travar esta guerra", defendeu, dando conta que ele próprio "tem falado com os países da vizinhança, [com] todos os parceiros amigos, [e] mesmo com os dois generais no comando das tropas".
"A mensagem da comunidade internacional é a mesma: é preciso parar a guerra, silenciar as armas e começar a conversar e a procurar uma solução política, porque não há uma solução militar para esta guerra", defendeu Josep Borrell.
No Sudão, as Forças Armadas, sob liderança do general Abdel Fattah al-Burhan que comanda o país desde o golpe de Estado de 2021, estão em confrontos com o grupo militarizado sob liderança do general Mohamed Hamdane Dagalo. Este último também organizou o golpe militar de há dois anos, mas distanciou-se de al-Burhan, tornando-se seu inimigo.
Representantes diplomáticos da União Europeia e de vários países têm tentado, sem sucesso, intermediar o conflito, mas a situação não tem parado de se agravar, incluindo colocando em risco a presença de pessoal civil de diplomatas.
Vários países europeus já enviaram meios aéreos para o repatriamento de cidadãos da União Europeia, tendo em conta a instabilidade.
"O nosso pessoal tem de ser retirado porque está no meio de uma guerra", justificou o chefe da diplomacia europeia, na manhã desta segunda-feira, admitindo que "alguns deles ficaram feridos", e por isso tornou-se "impossível continuarem a trabalhar como diplomatas, portanto, a melhor coisa a fazer (...) é retirá-los".
Questionado sobre a razão pela qual o chefe da missão diplomática da União Europeia vai permanecer no terreno, Borrell afirma que nesta fase a retirada ainda não está prevista e "ele teve de lá ficar, [pois] o capitão é o último a abandonar o navio".
Josep Borrell disse que o diplomata está fora de perigo e "já não se encontra em Cartum", apesar de ainda estar no Sudão.